Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
No choro e terceirização de culpa, somos medalha de ouro
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A Olimpíada mal começou e o grande assunto no Brasil não é a medalha deste, o recorde daquele. São as arbitragens. No surfe, no skate, no judô, não importa. Se não fossem os malvados juízes, o Brasil seria a maior das potências olímpicas. É o que parece quando se lê o noticiário ou a timeline nas redes sociais.
É nossa grande característica como sociedade. Culpar os outros. Sempre encontrar um bode expiatório, um algoz. Encontrar alguém ou algo que seja responsável por uma derrota, um fracasso, uma decepção faz a gente se sentir bem - ou menos pior.
Não vou entrar no mérito de cada caso. Eu também achei exagerada a nota para o japonês Kanoa contra Medina. Mas foi só por isso que o dito melhor surfista do mundo foi embora para casa sem medalha? Eu também achei uma pena a luta de Maria Portela no judô. Mas será que ela iria além da próxima luta?
Será que o Brasil nunca é beneficiado? Será que é o único prejudicado?
Olha, não é só brasileiro que reclama de arbitragens e decisões subjetivas. Isso acontece por toda parte. Mas com essa intensidade, com esse volume, com essa constância, é difícil de ver. Vivemos disso. Reclamar, praguejar, justificar, culpar.
Passamos dias falando mais de Medina, de juiz e da esposa chiliquenta do Instagram do que de Ítalo Ferreira e sua brilhante medalha de ouro.
No futebol é a mesma coisa. Sempre falando de arbitragens, raramente olhando para erros e acertos. Até na política está assim! De uns anos para cá, depois de uma derrota culpa-se a urna, o vento, o jornal, etc. Aliás, hoje em dia estamos nos especializando em uma nova modalidade: já encontrar culpados antes mesmo da derrota.
Em mimimi, chororô e terceirização de culpa, somos medalha de ouro. Não há juiz ou VAR que nos tire do topo do pódio!
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