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Julio Gomes

REPORTAGEM

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Maior lenda do vôlei, Kiraly dá ouro que faltava e faz EUA igualar o Brasil

Charles Kiraly, técnico da seleção feminina de vôlei, na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio - CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS
Charles Kiraly, técnico da seleção feminina de vôlei, na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio Imagem: CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS

08/08/2021 03h05

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Pela primeira vez desde Sydney-2000, o Brasil sai de uma Olimpíada sem uma medalha de ouro no vôlei - seja de quadra ou na praia, que virou modalidade olímpica em 1996. Foram três décadas de sucesso, que faziam do Brasil o único país do mundo a ter sido campeão nas duas modalidades, no masculino e no feminino. Em Tóquio, porém, veio "só" a prata do vôlei feminino, após a derrota na final para os Estados Unidos por contundentes 3 sets a 0.

As americanas se vingam, assim, das duas derrotas em finais sofridas em 2008 e 2012. Mais do que isso: é a primeira medalha de ouro dos EUA na história do vôlei feminino. E o ouro que faltava veio com a participação do maior nome da história do esporte: Karch Kiraly.

Este californiano de 60 anos de idade já era considerado por quase todos o melhor jogador de vôlei de todos os tempos. Foi bicampeão olímpico na quadra, em 84 e 88, e foi campeão na praia em 96, ao lado de Kent Steffes. Mais do que isso, ele é, até hoje, o maior vencedor de jogos da história do vôlei de praia. É o único também a medalhar indoor e outdoor.

Para ampliar a lenda, o agora técnico Kiraly, com ar professoral e sem levantar a voz, leva o time feminino do país ao ouro inédito. Ele era assistente técnico dos EUA em 2012, na derrota para o Brasil em Londres. Depois disso, virou técnico principal e já levou os EUA ao primeiro título mundial da história em 2014. Agora, vem o ápice na carreira fora das quadras, com o ouro olímpico em Tóquio.

Kiraly não é o maior técnico de todos os tempos. Que o digam José Roberto Guimarães, três ouros (92 com os homens, 08 e 12 com as mulheres) e agora uma prata, sempre como treinador, e a chinesa Lang Ping, um ouro como jogadora (84), outro como treinadora (2016) e ainda duas pratas como treinadora, sendo uma delas comandando os EUA.

Mas Kiraly, com o título de Tóquio, coloca-se num daqueles panteões muito difíceis de serem atingidos por qualquer outra pessoa no vôlei. É um verdadeiro Deus da modalidade e um dos nomes mais importantes do universo olímpico.

O quadro de medalhas histórico do vôlei mostra domínio da União Soviética/Rússia na quadra e dos EUA na praia. Mas o Brasil é quem tem mais medalhas no total (segue sendo) e era o único com os quatro ouros possíveis. Agora, com a conquista do vôlei feminino, os EUA também conseguem o mesmo.

No total das duas modalidades, quadra e praia, ficou assim:

Estados Unidos: 11-5-6 - 22 no total
(3-0-2 no masculino, 1-3-2 no feminino)
(3-1-0 na praia masc, 4-1-2 na praia fem)

Brasil: 8-11-5 - 24 no total
(3-3-0 no masculino, 2-1-2 no feminino)
(2-3-1 na praia masc, 1-4-2 na praia fem)

URSS/Rússia: 8-10-3 - 21 no total
(4-4-3 no masculino, 4-5-0 no feminino)
(0-1-0 na praia masc, 0-0-0 na praia fem)

Ouros do Brasil no vôlei:

1992 - Quadra masculino
1996 - Sandra/Jaqueline (praia)
2004 - Quadra masculino e Ricardo/Emanuel (praia)
2008 - Quadra feminino
2012 - Quadra feminino
2016 - Quadra masculino e Bruno/Alison (praia)