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Por que jogadores como Jorginho, melhor da Europa, 'escapam' da seleção?
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Jorginho foi eleito nesta quinta o melhor jogador do futebol europeu na temporada 20/21 pela Uefa. Campeão da Champions pelo Chelsea, campeão da Eurocopa pela Itália, ele é o primeiro jogador nascido no Brasil a ganhar o prêmio, que começou a ser dado 10 anos atrás.
Se é verdade que o prêmio foi dominado por Cristiano Ronaldo (3) e Messi (2), também é verdade que houve espaço para outros laureados: Iniesta, Lewandowski, Modric...
A bandeira do Brasil nunca apareceu no pódio. As melhores classificações foram de Alisson (quarto em 2019) e Neymar (quinto em 2015, quarto em 2020). Diego Costa (décimo em 2014), Pepe (sétimo em 2016), Thiago (oitavo em 2020) e, agora, Jorginho, são outros brasileiros que apareceram no top 10, mas com a bandeira de outro país ao lado do nome deles.
Por que, afinal, o Brasil e a seleção brasileira deixam escapar tantos jogadores?
Temos algumas certezas. O Brasil segue sendo um gigantesco fornecedor de matéria-prima, o maior celeiro de jogadores de futebol no mundo - tanto que a Itália, campeã da Europa, tinha três entre os convocados. Mas o Brasil não domina mais o futebol mundial, não venceu nenhuma das últimas quatro Copas do Mundo, chegando só uma vez entre os quatro melhores. É forte, mas não dominador, como outrora.
Outra certeza, olhando para estas listas de melhores jogadores da temporada, é que há brasileiros naturalizados, que defendem outras seleções, se destacando mais do que os brasileiros-brasileiros. Por que fornecemos matéria-prima para países, digamos, concorrentes, se os resultados mostram que não estamos exatamente com sobras de grandes jogadores?
A explicação passa pela CBF e a estrutura do futebol de base do Brasil. A CBF, que enche os cofres com a seleção principal, não faz nada para ajudar instituições pequenas, clubes, prefeituras, que podem ajudar a fomentar o esporte de maneira mais organizada e menos aleatória. A cultura do futebol de baixo é a da selva. Quem tiver sorte, resiliência, capacidade e condições materiais para seguir o caminho, pode conseguir.
A cultura local é fazer os clubes grandes do Brasil cada vez mais ricos. E ninguém reclama disso, afinal, são também os mais populares. Nosso país está se transformando, com seus 210 milhões de habitantes e mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de área, em um lugar onde há uns 10 clubes de futebol. O resto que se dane. Desculpem informar, mas não há espaço para tanta criança querendo jogar bola em tão poucos clubes financeiramente saudáveis.
Muitos jogadores acabam saindo cedo do Brasil para tentar um espaço lá fora. Como Jorginho, que foi para a Itália aos 15 e foi formado nas categorias de base do Verona. Até aí, tudo bem.
Mas a CBF não tem nenhuma organização para olhar o que está acontecendo lá fora. Um grande exemplo é de conhecimento público. Quando Mazinho, um tetracampeão do mundo, não um Zé qualquer, ligou para a CBF dizendo "olha, meu filho joga muita bola, não querem dar uma olhada?", a resposta de Américo Faria foi "não, obrigado, tem muito jogador por aqui". O filho mais velho de Mazinho é Thiago Alcântara.
Nenhum investimento na base aqui dentro, em olheiros lá fora e uma boa dose de empáfia. Quando algum brasileiro se destaca, ele é primeiramente ignorado por mídia, CBF, etc, caso não tenha jogado por aqui. Precisa jogar muito bem e por muito tempo para alguém dar atenção. À essas alturas, já foi chamado pela seleção local.
Quantas "descobertas" não foram feitas só quando o cara vem jogar em um time grande daqui, como está acontecendo com Hulk? Para muitos torcedores e jornalistas, só o destaque no futebol daqui faz o nome de um cara ser conectado à seleção. É uma pobreza de espírito considerável.
E, assim, os Thiagos e Jorginhos da vida vão ficando pelo caminho.
Hoje, um brasileiro foi eleito melhor jogador do melhor futebol. Mas gravou o vídeo de agradecimento em italiano. Significa.
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