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Gomes: Grande problema do Brasil é que Tite não tem mais um time
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Não é um problema vencer de forma apertada a Venezuela e nem seria um problema empatar, como quase aconteceu. O Brasil já está classificado para a Copa e este resultado da quinta-feira não significa nada. Para os desavisados, a Venezuela já deixou faz tempo de ser a baba de outrora. Tem jogadores espalhados pela Europa. É claro que é fraca no cenário sul-americano, mas é melhor do que um monte de seleção que acaba jogando a Copa. Essencialmente, compete - coisa que não fazia no passado.
O problema do Brasil é outro: é que Tite não tem mais um time. Em 2018, tinha. De 1 a 11. Agora, não tem.
A seleção não tem problemas no gol - qualquer um é acima da média. A seleção não tem problemas na dupla de zaga. Daí para frente, são dois titulares certos: Casemiro e Neymar, que não jogaram na Venezuela. É meio time. E o outro meio time? Pois é.
Conforme o tempo foi passando, alguns jogadores indiscutíveis ou que eram titulares nos planos de Tite foram perdendo espaço em seus clubes ou perdendo rendimento. Exemplos claros: Arthur, Firmino, Philippe Coutinho. Outros jogadores que não estavam nos planos foram ganhando terreno: Paquetá, Gabigol, Vinícius Jr, por exemplo. Garotos como Anthony, Raphinha, que entraram bem. Só que esses caras não tiveram muito tempo de trabalho com Tite e o encaixe em um time pré-montado não está sendo óbvio.
Jogar na seleção não é facil. Vejam como Arana, que está voando no Brasileiro, fez uma partida tímida. Vejam como Gabigol, que finalmente meteu um gol, o da virada, nem mesmo se lembrou de comemorar como o "Superman", como faz no Flamengo. É que a pressão é outra, os caras se preocupam com muitas outras coisas, não só jogar bola.
Então não é simples assim, bota esse, bota aquele. Uns crescem, outros se acanham, a química entre jogadores não surge do nada, tudo isso tem de ser construído. Com jogos, treinos, relacionamento, etc.
Este não é um desafio só de Tite, é de qualquer treinador de seleções. Mas o que aconteceu com o Brasil neste ciclo pandêmico de Copa do Mundo foi o fenômeno da dissipação do que era certo.
A seleção tem matéria-prima farta, mas de nível muito parecido. E este nível é bom, mas não extraordinário. Então é difícil fugir do "tem que jogar quem está melhor". E isso é algo que varia muito ao longo de um ano. A cada teste feito, as dúvidas de Tite só aumentam, não diminuem.
Vocês conseguiriam escalar a seleção que entraria em campo se a Copa começasse hoje? Eu até arriscaria, tentando pensar com a cabeça do Tite. E ainda assim erraria uns dois nomes. Ele não tem nomes certos para as laterais, para o segundo homem de meio de campo, para o comando de ataque. Não sabe bem a melhor maneira de usar Gabriel Jesus. Não sabe se joga com pontas agudos, como funcionou no segundo tempo contra a Venezuela, ou com meias armadores. A construção de jogo, o fluxo de saída de bola e os automatismos estão muito comprometidos.
Tite tem problemas. Não são os resultados. É o pouco tempo para construir um time sólido para a Copa do Mundo.
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