Topo

Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rodada horrível dos líderes expõe técnicos. Vojvoda é o cara do Brasileirão

Juan Pablo Vojvoda orienta o Fortaleza durante partida contra o Bragantino, pela 13ª rodada do Brasileirão - Kely Pereira/AGIF
Juan Pablo Vojvoda orienta o Fortaleza durante partida contra o Bragantino, pela 13ª rodada do Brasileirão Imagem: Kely Pereira/AGIF

07/10/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O Brasileirão vai chegando à hora H. O Atlético-MG defende a liderança. Flamengo e Palmeiras, finalistas da Libertadores, são os perseguidores. Mas quem aparece ali com os mesmos pontos dos dois clubes mais ricos do país? O Fortaleza.

O campeonato do Fortaleza é gigantesco. Não estamos falando apenas de um clube com elenco limitado, que, na comparação individual, nome a nome, tem nível parecido ao dos outros clubes do Nordeste, por exemplo. Estamos falando de um time que joga para frente, com coragem, pressionando o adversário, de forma agressiva e ousada.

Não é a estética que importa no futebol, são os resultados. Mas a vida toda irei preferir times que buscam o resultado através de acertos, método e filosofia - e não apenas tentando se aproveitar dos erros alheios.

Renato era jogador. Cuca era jogador. Abel Ferreira era jogador. E os três foram dos bons! Juan Pablo Vojvoda também foi jogador. Mas não dos bons. Quando parou, estudou medicina. Faltam alguns exames para concluir e conseguir o diploma. No caminho, foi convidado para ser técnico de futebol e correu atrás do sonho. Quem bom para ele. Que bom para nós.

O Fortaleza perde jogos, como o do fim de semana, 0 x 3 para o Atlético-GO. Não olhamos com atenção a estes jogos, alguém dirá. Passam batido pela "imprensa do eixo". Sim, os 3 a 2 sobre o Palmeiras, em São Paulo, ou os 2 a 0 sobre o Fluminense (em grande fase), com torcida no Maracanã, chamam muito mais a atenção.

Resultados são a vida no futebol. Mas resultados acompanhados de desempenho são a plenitude. Aconteça o que acontecer daqui até o fim do campeonato, Vojvoda é o cara do Brasileirão.

E, se necessário fosse um dia de contrastes, tivemos a quarta-feira perfeita para isso. Os líderes, os comandantes dos melhores elencos, passaram a noite choramingando. Os times de Cuca, Renato e Abel deixaram pontos pelo caminho - um não aproveitou o tropeço do outro. Apresentaram um futebol paupérrimo. Parecem muito mais preocupados com as desculpas a serem dadas do que outra coisa. Técnicos especialistas em álibis - campo pesado, CBF, calendário, arbitragenzzzzzzzzzzz.....

O Atlético parou na Chapecoense, lanterna do campeonato, e poderia até ter perdido. A dificuldade de criar jogo é nítida, faltam movimentos, automatismos, criatividade. Quando o talento individual não funciona - Hulk, ontem, voltou a jogar mal -, o Galo parece de mãos atadas.

O Flamengo teve a chance de diminuir a diferença na tabela, mas parou no Red Bull Bragantino, do também ótimo Barbieri - ainda que este tenha um elenco bem mais caro e recheado que o do Fortaleza. Renato tinha muitos desfalques? Tinha. Mas a desculpa já estava pronta, não é mesmo? Nem precisava jogar. E não jogou mesmo. Não era mesmo possível que o time misto tivesse mais soluções e apresentasse um jogo coletivo mais sólido? Mais fácil do que fazer isso é ficar falando de CBF, data Fifa, etc, etc, etc.

E o Palmeiras? Alguns defensores de Abel justificaram que o sistema de jogo adotado contra o Atlético, na Libertadores, era o único possível para derrotar um adversário melhor. E o América, também é melhor? Porque o Palmeiras jogou da mesmíssima maneira...

Abel diz que treina ataque posicional, quer um time propondo jogo. Mas que monta o Palmeiras de acordo com as características dos jogadores que têm - apontou uma espécie de "problema mental" que impede o time do Palmeiras de jogar de outra forma quando tem a bola. E o Vágner Mancini, que jogadores ele tem para fazer o América jogar como joga? Pois é...

É verdade que o América deveria ter ficado com um jogador a menos - um claro vermelho que Vuaden transformou em amarelo - quando perdia por 1 a 0. Mas reclamar de arbitragem quando teu time, um dos mais caros e atual campeão e finalista do continente, é dominado do jeito que o Palmeiras foi? Fica feio...

Um dos três será campeão brasileiro. São competentes, ricos, homens de sucesso, com Libertadores e outros títulos no curriculum. Mas a pobreza - ou limitação - dos trabalhos de Abel, Cuca e Renato ficou clara ontem. Principalmente quando olhamos para o que faz Vojvoda no Fortaleza.