Topo

Julio Gomes

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Frequentes, Espanha, Japão e Camarões têm problemas para ir à Copa-2022

Técnico da seleção espanhola, Luis Enrique - KAI PFAFFENBACH
Técnico da seleção espanhola, Luis Enrique Imagem: KAI PFAFFENBACH

13/10/2021 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

As eliminatórias avançam mundo afora, e, neste momento, quatro das seleções mais frequentes em Mundiais encaram a possibilidade de jogar uma perigosa repescagem para conseguir chegar na Copa do Catar, ano que vem. São a Itália, a Espanha, Portugal e o Japão. Na África, quem corre grande risco é Camarões, a seleção mais frequente do continente em Copas.

A Espanha fez uma brilhante fase final de Liga das Nações da Uefa (venceu a anfitriã Itália, campeã da Europa, e vendeu caro o título para a França na decisão). Mas não jogou pelas eliminatórias e viu a Suécia conseguir boas vitórias, assumindo a liderança do grupo B. O primeiro colocado do grupo vai direto para a Copa, enquanto o segundo joga a repescagem.

"Tenenos un problema", resumiu o diário "Marca" em sua manchete. Temos um problema.

Qual a situação espanhola? O time de Luis Enrique tem 13 pontos, contra 15 da Suécia. E não pode perder de vista a Grécia, que tem 9. Por que? Porque a Grécia recebe a Espanha no próximo dia 11 de novembro e precisa vencer para se manter viva. Não é, portanto, um jogo trivial.

Se a Espanha tropeçar na Grécia novamente (em março, empataram por 1 a 1) e a Suécia fizer sua parte, vencendo a Geórgia, a seleção ibérica estará condenada à repescagem. Para ir para a Copa, não resta outra opção que não seja derrotar a Grécia e, na última rodada, vencer também a Suécia (14 de novembro, em Sevilha).

Por que a repescagem é um drama? Porque o regulamento das eliminatórias europeias mudou. A repescagem terá 12 seleções, que farão jogos de eliminatórias simples - ou seja, jogo único, sem margem alguma para erro. São seis jogos, depois mais três (com mando de campo sorteado) e as seleções que passarem por estes dois jogos únicos estarão na Copa. Quem perder, com bola rolando ou em uma eventual disputa de pênaltis, só em 2026.

Por mais forte que a Espanha tenha se mostrado ultimamente, não há garantia alguma de vitória contra a consistente Suécia. E, depois, jogos únicos são jogos únicos.

A Itália tem uma situação um pouquinho menos delicada que a Espanha. Recebe a Suíça no dia 12 de novembro, em Roma. Quem vencer, estará na Copa. Um empate serve para a Itália, por causa do saldo de gols melhor (11 a 9) - na última rodada, os italianos viajam para a Irlanda do Norte.

Outras seleções europeias consideradas "grandes" correm risco parecido, mas menor que o da Espanha e o da Itália. Portugal fará uma partida decisiva contra a Sérvia, mas será em casa e provavelmente jogando pelo empate (basta não perder da eliminada Irlanda no jogo anterior). A Holanda também deve chegar à última rodada precisando de um empate, contra a Noruega, mas pode ser que seja obrigada a ganhar. E a Croácia, vice-campeã do mundo, vai ter de vencer a Rússia no último jogo, em casa, para fugir da repescagem.

Na história das Copas, a maior sequência de participações consecutivas pertence ao Brasil - logicamente, pois jogou os 21 Mundiais. A Alemanha classificou-se nesta semana para a 18a Copa consecutiva. A Itália tinha uma sequência de 14 presenças seguidas, até ficar fora da última, em 2018. A Argentina caminha para se classificar pela 13a vez consecutiva. E a quinta maior série da história pertence justamente à Espanha - São 11 seguidas, não fica fora desde a Copa de 74.

ÁSIA

Entre os asiáticos, a Coreia do Sul jogou as últimas nove Copas e já encaminha, junto com o Irã, a classificação no grupo A. O problema ficou para o Japão, que jogou as últimas seis de forma consecutiva e virou figurinha carimbada nos Mundiais deste século.

Depois de perder de forma surpreendente para Omã na primeira rodada, o Japão chegou pressionado à dobradinha de jogos de outubro. Perdeu para a Arábia Saudita e, ontem, ganhou um respiro ao fazer 2 a 1 na Austrália - com um gol contra aos 40min do segundo tempo.

O problema é que a Arábia Saudita faz uma campanha que não estava no script, com 100% de aproveitamento e 12 pontos. A Austrália tem 9, Japão e Omã somam 6. Ainda falta bastante, já que são dez rodadas - Arábia e Austrália ainda farão dois jogos entre elas e pontos ficarão pelo caminho, e o Omã não soa muito como uma ameaça.

Mas como é o regulamento? Os dois primeiros do grupo avançam ao Mundial, enquanto os terceiros de cada grupo farão uma repescagem. Assim como na Europa, uma repescagem em jogo único, em que qualquer coisa pode acontecer. Se ficar em terceiro no grupo B, o Japão jogaria a vida em partida única contra uma seleção teoricamente inferior - Líbano ou Emirados Árabes ou Iraque. Mas é jogo único, é só mata, e é fora de casa.

Passando desta repescagem, ainda haveria uma nova repescagem - mundial - contra uma seleção vinda da Oceania ou da Concacaf ou, o que seria um problemão, da Conmebol. Um sorteio definirá os cruzamentos.

ÁFRICA

As seleções africanas estão jogando uma fase de grupos em que somente os campeões avançam. Serão dez classificados, que farão cinco duelos de mata-mata no ano que vem para que sejam definidos os cinco representantes do continente na Copa do Mundo de 2022.

Mesmo faltando as duas rodadas finais, em novembro, Marrocos e Senegal já garantiram a classificação, enquanto Egito, Tunísia, Argélia e Nigéria dificilmente não estarão no mata-mata. O bicho está pegando mesmo nos dois grupos em que já se esperava que o bicho fosse pegar: o D, que tem Costa do Marfim e Camarões, e o G, que tem África do Sul e Gana.

Camarões, a seleção africana com mais presença em Copas (sete), só terá chances de disputar o Mundial de 2022 se vencer o confronto direto contra a Costa do Marfim, em novembro. Os marfinenses venceram o confronto do turno (2 a 1) e estiveram em três das últimas quatro Copas - só perderam a de 2018.

Situação idêntica vive Gana, a última seleção africana a atingir as quartas de final de um Mundial (em 2010). Para chegar ao mata-mata, Gana precisará vencer o duelo direto contra a África do Sul, em novembro (no turno, 1 a 0 para os sul-africanos).