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Gomes: Atropelo do City no United mostra que milagres não ocorrem toda hora
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Nós estamos acostumados a ressaltar sempre as atuações individuais, os milagres do futebol. Cristiano Ronaldo salva o Manchester United na Liga dos Campeões e parece que esta é a regra, não a exceção. É um erro de leitura. O normal é o melhor time jogar melhor mais vezes e vencer com mais frequência. Hoje, em Manchester, aconteceu o normal. O City passou o carro em cima do United.
Foi uma atuação absolutamente dominante no Old Trafford, em mais uma evidência de que hoje, e já há alguns anos, o grande time de Manchester é o azul, não o vermelho. Já nem adianta mais achar que é algo fugaz. Já faz 13 anos que o dinheiro de Abu Dhabi jorra no City e não vai parar. Já é um clube estruturado, com muito material humano em campo e fora de campo.
Faz exatos 140 anos que o primeiro dérbi entre eles foi disputado, quando os clubes ainda tinham nomes diferentes. O Manchester City não foi inventado outro dia. Assim como a era de ouro do United ocorreu entre 1993 e 2013, neste momento é o outro clube da cidade que vive uma era de glórias.
O City teve hoje 68% de posse de bola e transformou o domínio territorial em 16 finalizações, contra apenas 5 do adversário, nove escanteios contra um. A maior parte das finalizações saiu no primeiro tempo, quando o time de Guardiola ocupou o campo de ataque, massacrou o rival e foi criando chances atrás de chances. Os gols saíram de cruzamentos de Cancelo pela esquerda. Em um, Baily tentou cortar e fez o gol contra. No segundo, Shaw dormiu, Bernardo Silva conseguiu tocar na bola no segundo pau e ela entrou.
De Gea falhou no segundo gol (não mais do que Shaw, mas dava para defender), mas o goleiro não pode ser acusado de nada. Fez vários milagres que evitaram uma goleada.
No segundo tempo, o City trocou passes mais atrás e "dormiu" o jogo, sem dar o espaço que o United gosta e impedindo que Cristiano Ronaldo recebesse as bolas que ama, dentro da área - foi apenas uma finalização do português na partida. Uma atuação tática perfeita e que só não resultou em um placar maior porque um pênalti absurdo de Alex Telles em Gabriel Jesus não foi marcado no finalzinho - na Inglaterra, é o contrário do Brasil: se aqui o VAR interfere demais, lá ele aparece de menos.
City, Chelsea e Liverpool farão uma disputa incrível, ponto a ponto, pelo título da Premier. O United não estará nesta disputa, mesmo com o elenco que tem e mesmo com Cristiano Ronaldo. Porque milagre é só às vezes. Se fosse toda hora, não seria milagre.
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