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Gomes: Abel ignora Choque-Rei e mostra que não entende espírito do torcedor
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O Palmeiras não se preparou para o clássico contra o São Paulo. Mandou a campo um time totalmente reserva, com caras que não tinham minutos havia tempos. Foi presa fácil para o São Paulo, mesmo com a tônica de gols perdidos que marca o campeonato do time de Rogério Ceni. Levou 2 a 0 e poderiam ter sido 6 ou 7.
Deve ter sido a vitória mais fácil do São Paulo no campeonato. Justo quando mais precisava. Perto do rebaixamento, com os times de baixo fungando no cangote, um fantasma crescendo. Com os três pontos improváveis, em um estádio em que raramente consegue alguma coisa, o São Paulo respira fundo e ganha confiança para o resto do Brasileirão.
O Palmeiras deu os dois gols de presente e deu outros, que o rival não aproveitou. Repito: não era um time preparado para o jogo. O Choque-Rei não foi levado a sério pelo time da casa.
Foram ao estádio 35 mil pessoas e elas queriam ver o Palmeiras afundar o rival. É claro que a Copa Libertadores da América é o que mais importa. E Abel traçou esse desenho faz tempo. Titular contra o Flu, time reserva hoje, titular em Fortaleza, a uma semana da final, e reserva de novo contra o Galo, na semana que vem.
É o mesmo planejamento do Flamengo. Reserva contra o Corinthians, titular no fim de semana, reserva semana que vem. Mas o jogo do Flamengo com o Corinthians representa rigorosamente nada para o rubro-negro. Enquanto o clássico paulista tinha outra conotação para o Palmeiras e sua torcida. O planejamento tinha todo o sentido. Mas, como a situação criada pelo São Paulo, era necessário adaptar.
Abel é cartesiano. Extremamente racional. Ele planejou, traçou e é isso. Mas o futebol não é só razão. O futebol é emoção, o sentimento do torcedor e da própria instituição não podem ser olimpicamente ignorados. Era importante encontrar um equilíbrio. Não era impossível fazer pequenos ajustes ao planejamento, usar alguns titulares desde o início ou pelo menos a partir do intervalo, visto o desempenho risível do primeiro tempo.
Se o Palmeiras ganhar a Libertadores, fica tudo certo. E se não ganhar?
Aí foi a temporada em que perdeu do Flamengo a Libertadores e a Supercopa, perdeu a Recopa para o pequeno Defensa y Justicia, nunca disputou o título brasileiro, caiu na Copa do Brasil para o CRB, um time de Série B, deixou o "inimigo" São Paulo sair da fila no Paulista e, de quebra, jogou fora a chance de rebaixá-lo. Seria um ano terrível.
O Palmeiras vinha muito bem, em processo de recuperação de confiança. De repente, Abel Ferreira procura sarna para se coçar. Ele foi o melhor técnico do São Paulo no ano, bem melhor que Diniz, Crespo ou Ceni. Difícil de entender? Pois é. Aqui é assim. O futebol brasileiro não é para amadores - e nem para ultraprofissionais.
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