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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

É impossível explicar virada do Real Madrid sem conhecer a história

 Karim Benzema comemora gol contra o PSG pela Liga dos Campeões - REUTERS/Susana Vera
Karim Benzema comemora gol contra o PSG pela Liga dos Campeões Imagem: REUTERS/Susana Vera

09/03/2022 18h55

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A eliminatória entre Real Madrid e Paris Saint-Germain não tem como ser explicada com estatísticas, erros de arbitragem ou sistemas táticos. Talvez tudo isso entre na conta. Mas é impossível falar da classificação do Real sem falar de camisa e de história.

Quando cheguei a Madrid, quase 19 anos atrás, ouvia muitas vezes a expressão "miedo escenico". Tentando traduzir, seria o medo, a ansiedade que gerava nos adversários enfrentar o Real Madrid no Santiago Bernabéu. O medo de jogar contra o maior de todos. O maior campeão europeu, o clube do século, o "Rei" do continente.

Nesta quarta, tivemos uma destas noites para aumentar a lenda deste clube. O Real perdia por 1 a 0 para o Paris Santi-Germain e já havia perdido a primeira partida pelo menos placar. Mbappé voava em campo. O PSG fazia um jogo ótimo em todas as linhas - laterais e meio-campistas dominantes, Messi e Neymar perfeitamente entendendo o papel deles, que era circular a bola e encontrar Mbappé em velocidade.

E aí, em um estalar de dedos, Benzema meteu três gols. Isso mesmo. Três. E o Madrid nocauteou o clube do Catar, que juntou três das maiores estrelas do futebol mundial. E vai ser só campeão francês mesmo.

É verdade que o primeiro gol é muito discutível. Na minha opinião, Benzema desarma Donnarumma com falta. O juiz não deu, e o VAR não tem mesmo que ficar chamando para reinterpretar futebol em câmera lenta. Ali, quando o Real Madrid empatou a partida, o Bernabéu começou a ferver.

Talvez o Paris não conhecesse ainda o "miedo escenico". Conheceu minutos depois. Modric aproveita um passe errado de Neymar, avança, aciona Vini Jr, a bola volta para o croata, que dá a assistência brilhante para Benzema virar a partida. O PSG deu a saída de bola, o Real roubou, com a fome que nunca deixou de mostrar, Marquinhos fez a lambança e Benzema completou o crime.

Um erro de Donnarumma (ou do árbitro, dependendo do ponto de vista), um de Neymar e um de Marquinhos. Mas erros acontecem. Entre eles, houve um montão de acertos, especialmente na atitude do Real Madrid em campo. E estavam lá duas camisas com pesos diferentes.

Se pudesse, Mbappé já trocaria de camisa aos 30min do segundo tempo. Possivelmente troque daqui a alguns meses.