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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Portugal está na Copa, e drama da repescagem pode ter ajudado

Bruno Fernandes comemora gol marcado por Portugal sobre a Macedônia do Norte nas Eliminatórias para a Copa do Mundo - REUTERS/Miguel Vidal
Bruno Fernandes comemora gol marcado por Portugal sobre a Macedônia do Norte nas Eliminatórias para a Copa do Mundo Imagem: REUTERS/Miguel Vidal

29/03/2022 17h36

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Portugal está na Copa do Mundo, a sexta consecutiva. Os portugueses, que haviam jogado só dois Mundiais (de 16) no século passado, não perderam nenhum neste. Não é coincidência, é o resultado atingido por um país que trabalha muito bem o esporte e que soube aproveitar a tal geração de ouro de Figo e cia.

Colocado o contexto histórico, é importante ressaltar que neste momento, com os jogadores que têm a disposição, Portugal tinha obrigação de se classificar com a Copa. Flertou com o perigo. E isso pode ser bom.

A seleção rubro-verde perdeu a vaga direta, na fase de grupos, porque fez jogos medrosos e levou um gol da Sérvia, em casa, no jogo decisivo. Caiu para a repescagem e o sorteio foi caprichoso ao indicar um possível duelo entre Portugal e Itália (outra que falhou nos grupos) pela vaga na Copa.

Mas a Itália fez o favor de perder para a Macedônia do Norte, o que facilitou as coisas para Portugal - que também teve o benefício de jogar em casa (por sorteio) contra Turquia (3 a 1, sexta) e Macedônia do Norte (2 a 0, hoje). A partida desta terça foi tranquila, até porque os macedônios cometeram os erros que não haviam cometido em Palermo.

Bruno Fernandes fez os dois gols de Portugal e outros poderiam ter saído. Foi um daqueles jogos de um time só, em que o primeiro gol tranquiliza tudo.

Vendo o copo meio cheio, há algumas boas notícias pelo fato de Portugal ter precisado jogar a repescagem. Primeiro, o encontro com a população, sempre desconfiada de tudo. A torcida do Porto fez uma festa bonita, intensa e rara, até, para os padrões europeus. Os jogadores puderam sentir um pouquinho a responsabilidade, a necessidade de desempenhar melhor, com mais vontade e intensidade.

A outra boa notícia é que Fernando Santos, um técnico conservador, montou um time ofensivo para jogar a repescagem. Encontrou uma posição para Otávio, meia que está jogando bem pelo Porto. Fixou Moutinho no meio de campo e deixou o time sem volantes - ou pelo menos aquele volantão tradicional. Foi um Portugal mais ofensivo, do jeito que tem que ser se quiser fazer alguma coisa legal na Copa do Mundo.