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Da invasão do Camp Nou à de Piqué: Barcelona vive de dar explicações
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A invasão da torcida do Eintracht Frankfurt ao Camp Nou, na semana passada, é o mais próximo que chegaremos no futebol europeu do que aconteceu 46 anos atrás, no Maracanã, naquela semifinal de Brasileiro entre Fluminense e Corinthians.
A "invasão corintiana" é uma das grandes histórias do futebol brasileiro. Assim como a invasão alemã, que está sendo tratada como algo "nefasto" e até "criminoso" em Barcelona, mas que foi algo, no meu ponto de vista, magnífico. É difícil acontecer algo assim na Europa e nos tempos atuais, foi uma daquelas tempestades perfeitas.
A pandemia e a saída de Messi fizeram com que muitos sócios do Barcelona deixassem de pagar o que chamamos aqui no Brasil de "carnê". O clube permitiu uma espécie de "perdão temporário". Os mais ou menos 30 mil ingressos que sobram (cabem 100 mil no estádio) têm sido colocados à venda através de agências e operadores de viagens. Era Semana Santa, muita gente havia deixado Barcelona para curtir o feriado em outro lugar. E muita gente deixou Frankfurt para curtir em... Barcelona. Com poder de compra e os jeitinhos online, que são encontrados para tudo, os alemães basicamente dividiram o Camp Nou. Com a ótima atuação do Eintracht, os 35 mil engoliram a pacata e passiva torcida culé no estádio (outros 45 mil, mais ou menos).
Esta invasão já está na história. E outra foi denunciada ontem. A invasão de Piqué a um espaço que não é dele. Os áudios que revelam conversas de alguns anos atrás de Piqué com Rubiales, presidente da Federação Espanhola, são devastadores. Escancaram negociatas para levar a Supercopa da Espanha, com um novo formato, à ditadura sanguinária da Arábia Saudita. E ainda dar uma "enganada" no Real Madrid para o outro gigante espanhol "gostar da ideia".
Mostram um Piqué próximo demais da Federação e só um cara muito articulado e contundente como ele, perante uma imprensa incapaz de desafiá-lo à altura, para negar o óbvio conflito de interesses. Se Piqué não fosse zagueiro do Barça, mas, sim, diretor ou presidente, o conflito seria ainda maior. E parece que todos consideram que, um dia, será. Só isso para explicar o medo de alguns meios de imprensa de desafiá-lo e colocá-lo contra a parede.
Importante lembrar que Piqué é dono da Kosmos, empresa de marketing esportivo que, entre outras propriedades, tem um clube em Andorra - que "ganhou" da Federação um posto da Segunda Divisão B da Espanha três anos atrás, mais ou menos na mesma época das conversas divulgadas entre Piqué e Rubiales (ou "Geri" e "Rubi", como se chamam mutuamente).
Todos sabiam que a Kosmos havia intermediado os negócios entre Federação e ditadura saudita, o que não se sabia era que Piqué, que até o Rei quis envolver na conversa, havia levado uma comissão de 24 milhões de euros.
Piqué passou a segunda-feira dando explicações. Como tem uma postura agressiva e contundente, se saiu com a dele. Nesta terça, foi a vez de o atual presidente, Laporta, passar o dia dando explicações sobre a invasão alemã da semana passada.
Entre a derrota inesperada na Europa League até a vexaminosa de ontem, diante do Cádiz, o Barcelona passa o tempo dando explicações. No campo, o time alterna altos e baixíssimos. Fazia tempo que não perdia um jogo de La Liga, mas o fato é que agora a disputa pelas quatro vagas na Champions League está muito embolada. O jogo de quinta, em San Sebastián, contra a Real Sociedad, vai determinar se o Barça terá uma reta final de temporada com mais respiro ou com drama.
Se não conseguir entrar na próxima Champions League, o buraco será bastante mais embaixo. Não sei se bastarão palavras ao ar.
Para entender melhor o "caso Piqué", clique aqui para assistir ao vídeo do Futebol Sem Fronteiras.
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