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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Flamengo está longe da perfeição, mas segue com uma dupla que só ele tem

Gabigol marca seu segundo gol na partida entre Flamengo e U. Catolica, pela Libertadores - Staff Images / CONMEBOL
Gabigol marca seu segundo gol na partida entre Flamengo e U. Catolica, pela Libertadores Imagem: Staff Images / CONMEBOL

28/04/2022 20h56

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O Flamengo não é um time perfeito, não está ainda nem perto do que foi em 2019 - o futebol é cheio de momentos únicos, que podem ser mais ou menos duradouros, raramente repetíveis depois de um intervalo de tempo. Provavelmente nunca seja possível emular 2019, e esta é uma frustração que a Nação precisará superar. Mas, como os atores são quase os mesmos, será que não dá para voltar a ganhar e jogar bem?

Contra a Universidad Católica, no Chile, o Flamengo ganhou a terceira em três na Libertadores, igualando-se (em pontos) a Palmeiras e River Plate. Dos quatro destacados favoritos ao título, só o Atlético-MG tropeçou até agora.

Foi um jogo duro no Chile, a Católica teve, sim, possibilidades de chegar ao empate no segundo tempo. Mas Lázaro matou a partida no contra ataque, um dos tantos que o time carioca teve.

O Flamengo pode ser pior que Palmeiras, Atlético e River em um ou outro aspecto, mais vulnerável, mas ele tem uma coisa que nenhum dos outros concorrentes têm: uma dupla de ataque inacreditavelmente azeitada. Bruno Henrique e Gabriel Barbosa jogam juntos desde o Santos, brilham há anos no Flamengo, já deveriam até ter tido chance na seleção (juntos, não separadamente).

Não estou aqui comparando os indivíduos com outros indivíduos e tampouco estou falando que são os melhores atacantes do futebol brasileiro. Mas, como dupla, funcionam bem demais, são complementares e querem o bem um do outro. Bruno Henrique conhece os movimentos de Gabriel e vice-versa, Gabriel conhece a capacidade de passe e finalização do colega e vice-versa.

Não há um cara desses jogando ao lado de Hulk no Galo. Não falta talento, falta tempo, talvez falte característica. Hulk é muito mais um "one-man show" neste incrível ano vestindo a camisa atleticana.

Já no Palmeiras é o coletivo que manda. Entre Veiga, Dudu e Rony há entendimento. Mais do que isso, há treinamento, movimentos traçados pelo treinador, repetição (e, claro, improviso). Mas não é aquela coisa do olhar, do sentimento. Veiga não é um atacante, mesmo que chegue tanto à frente. E Rony, com todo o respeito do mundo, não tem o mesmo nível técnico de Gabi e Bruno Henrique. Em teoria, as características deles nem permitiriam tanto sucesso deste trio - méritos todos a Abel Ferreira.

Bruno Henrique tem se machucado muito e perdido jogos, Gabi, às vezes, parece mais preocupado com outras coisas. Falta sequência. Mas, quando estão em campo e bem fisicamente, ainda por cima acompanhados de outros caras talentosos, eles são garantia de gol. É uma vantagem e não é pequena.