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Atenção, Tite! Por que não levar Vitor Roque para a Copa do Mundo do Qatar?
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Eu sou favorável à existência de uma espécie de cota em convocações da seleção brasileira para os Mundiais. Sempre tem que ter um jogador jovem, tipo 17 a 19 anos, que claramente não está preparado para a Copa do Mundo da vez, mas que tem potencial enorme para fazer parte do ciclo seguinte da seleção. Eu gostaria que Tite ficasse muito atento nos próximos meses ao garoto Vitor Roque, do Athletico-PR.
Ele não fez "só" o gol da classificação para a semifinal da Libertadores, impondo a primeira derrota do Estudiantes em seu estádio na história do mata-mata da competição. Já foi decisivo na fase anterior, contra o Libertad, e já derrubou Palmeiras e Atlético-MG nos estádios deles neste Brasileirão. O garoto tem um pacto com gols gigantes, em momentos gigantes - que é quando alguns caras talentosos e predestinados fazem história.
Parreira foi inteligente ao levar Ronaldo, em 94. Scolari também ao levar Kaká, em 2002. Faltou perspicácia a Dunga em 2010 (teria acertado com Neymar, errado com Ganso, mas não levou nenhum dos dois). Ser técnico da seleção brasileira não pode ser apenas ganhar o próximo jogo, é necessário pensar no legado. Estamos falando da seleção mais importante do mundo, muito importante no aspecto social, até, do país. É uma responsabilidade que vai além do campo e é necessário zelar por ela e seu futuro.
Em 2018, entre tantas bobagens que falo nas redes sociais, acertei em cheio com este tweet abaixo.
Vinícius Júnior deveria ter sido convocado por Tite para a Copa da Rússia. Hoje, é um dos principais jogadores brasileiros na Europa, autor do gol do título europeu do Real Madrid e estará no Qatar. Não seria melhor ter um Vini Jr já com a experiência de ter vivido o torneio, as tensões, a tristeza da derrota?
Não é isso que fará Vinícius brilhar ou não em 2022, ser ou não titular da seleção. Mas tudo na vida são construções e, se ele tivesse passado por 2018, teria ainda mais elementos na bagagem pessoal que poderiam beneficiá-lo. Poderia não ter virado nada? Poderia. Mas virou, não é mesmo? O investimento do Real Madrid mostra que mais gente achava que viraria.
Há alguns jovens talentos despontando neste ano no futebol brasileiro. Marcos Leonardo, do Santos, é um jogador que vem para ficar. Mas a bola da vez é Vitor Roque, 17 anos, a pérola do Cruzeiro que o Athletico foi buscar por R$ 24 milhões em abril.
Antes de falar de bola, um parêntesis. Vitor Roque foi pivô destas coisas que acontecem no futebol e só ficamos sabendo quando jogadores efetivamente explodem. Ele foi forjado no América-MG mas, antes de completar 14 anos, foi parar no Cruzeiro num destes movimentos discutíveis, em que o clube formador (de verdade) fica a ver navios. O Cruzeiro pagou com a mesma moeda ao ver o Athletico levá-lo de forma unilateral, com um cálculo que gerou um valor, segundo o clube mineiro, abaixo do que deveria ser pago pela rescisão. Os clubes vão "roubando" jogadores uns dos outros antes dos contratos profissionais, é história antiga. E os empresários, claro, forram o bolso.
Outra coisa interessante deste movimento é que mostra como a correlação de forças mudou no futebol brasileiro devidos aos méritos e deméritos dos dirigentes da vez. O Cruzeiro foi afundado por pilantras e, no pior momento da história do clube, perdeu seu "novo Ronaldo" para uma nova força nacional. Em 1993, quando o Fenômeno estreava na Raposa, o Athletico era rebaixado no Brasileiro - e ninguém se espantava, o time mais forte do Estado era o Paraná, o único campeão nacional era o Coritiba. Neste século, o Athletico, com um trabalho exemplar, precisa estar em qualquer top 10 de grandeza do futebol brasileiro - com boa vontade, até top 5.
Bem, e aí chegamos a Vitor Roque. Ele caiu em ótimas mãos, as de Luiz Felipe Scolari, que sabe perfeitamente quando dar a um jovem as chances que outros não dariam. Em plena Eurocopa de 2004, em Portugal, Felipão não duvidou nem por um segundo antes de tirar "consagrados" do time titular e colocar para jogar um certo Cristiano Ronaldo. Hoje, parece uma decisão fácil. Não era.
O que impressiona no menino não é só o fato de ele ser bom de bola, mas a estrela e a capacidade de fazer gols grandes. Vitor Roque não tem feito gols triviais com a camisa do Athletico. Ele vem do banco para resolver jogos enormes, como o de ontem, na Argentina.
Será que Vitor Roque é uma certeza no ciclo futuro da seleção brasileira? Se a resposta para esta pergunta for "sim", ele precisa estar na Copa do Mundo do Qatar. Não é relevante o que ele pode entregar agora, na Copa de 2022. Isso realmente não importa. Estamos falando de uma lista de 26 jogadores, não precisam ser convocados 23 caras de linha que vão jogar. Há espaço para levar um "estagiário".
Muito cedo para falar sobre Vitor Roque na seleção? É possível. Mas, se ele estivesse fazendo o que está fazendo com a camisa do Cruzeiro, com 17 anos, os paralelos com Ronaldo já estariam pipocando por aí, não é mesmo? É cedo, eu concordo. Mas, se nos próximos três meses Vitor Roque continuar fazendo estragos e desempenhar com coragem e personalidade nos jogos grandes que o Athletico terá pela frente, eu pensaria, sim, em levá-lo ao Mundial.
Coragem, Tite!
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