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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Derrota expõe elenco do Palmeiras e gera dúvidas sobre seu real nível

Pedro Henrique e Flaco López brigam pela bola em Athletico x Palmeiras, jogo da semifinal da Libertadores - Rodolfo Buhrer/Reuters
Pedro Henrique e Flaco López brigam pela bola em Athletico x Palmeiras, jogo da semifinal da Libertadores Imagem: Rodolfo Buhrer/Reuters

31/08/2022 04h00

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A vitória do Athletico sobre o Palmeiras, em Curitiba, pela Copa Libertadores, é um resultado para lá de normal. Poderia acontecer, como aconteceu. Mas, para além do óbvio - o Furacão ser um time forte e bem treinado -, ficaram expostas algumas fragilidades importantes do elenco bicampeão da América.

Sem Danilo e Scarpa, o Palmeiras sofreu muito para ter criatividade no meio de campo. A saída de Raphael Veiga, machucado e automaticamente dúvida para a partida de volta, atrapalhou ainda mais. Por boa parte do jogo, o Palmeiras substituiu os três titulares com Gabriel Menino, Tabata e López, estes últimos recém-chegados ao clube.

O argentino López veio para resolver o problema da falta de um 9, mas perdeu um gol feito com 5min de jogo e foi dormir de orelha quente, pois Abel fez questão de ressaltar a importância do lance e a "falta de eficácia". De Merentiel, outro sul-americano contratado para ser um 9 de garantias, não sabemos nem a cor dos olhos. Um mês atrás, teve minutos em dois jogos do Brasileiro e, depois disso, lá se vão oito partidas sem pisar no gramado. No fim das contas, segue o problema. Só Rony inspira confiança.

Este Palmeiras é bi continental, é um time já histórico. Tem um técnico que é muito bom. Tem um time titular fortíssimo. Mas, de repente, já não está mais tão claro que o elenco seja tão forte como dizem. A gente se pega perguntando até mesmo se foi tão bom assim um dia ou se o trabalho de Abel e os resultados na Libertadores é que geraram uma falsa impressão.

No Brasileiro do ano passado, o Palmeiras poupou os jogadores mais importantes em várias partidas e o resultado prático disso foi nunca ter disputado o título, que seria vencido pelo Atlético-MG. Sim, é verdade que foram reservas, Breno Lopes e Deyverson, os heróis dos dois títulos continentais conquistados em 2021, um em cada ponta do ano. Mas o fato de terem marcado os gols não faz deles grandes jogadores.

No segundo tempo da Arena da Baixada, com um homem a mais, o Palmeiras mandou a campo Wesley, Mayke, Atuesta e Navarro para buscar o empate. E não teve milagre.

É inevitável a comparação com o Flamengo, o time que divide com o Palmeiras o domínio do futebol brasileiro nos últimos, sei lá, quatro, cinco, seis anos. Sempre colocamos ambos no mesmo patamar. Mas se olharmos para o elenco atual do Flamengo e o time reserva que tem ido a campo no Brasileirão, com Ayrton Lucas, Vidal, Marinho, Éverton Cebolinha, e colocarmos lado a lado com o elenco do Palmeiras, talvez a gente tome um susto.

Ninguém ganha o Brasileirão só com um time, e acho que o Palmeiras caminha firme para mais um título nacional. É claro que o elenco é qualificado e Abel, além de tudo, tem sido perfeito na gestão de energia - desde lá de trás, com Paulista e Mundial, depois fases iniciais de Libertadores e Copa do Brasil. Não estou falando aqui que o banco palmeirense é uma porcaria.

Mas também não é o do Flamengo. Talvez as suspensões e a derrota para o Athletico tenha deixado claro o real nível do elenco palmeirense. Alto, mas não o melhor.