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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Napoli joga bem e diverte. Será que o futebol deveria ser mais que isso?

Khvicha Kvaratskhelia, jogador do Napoli - Giuseppe Cottini/Getty Images
Khvicha Kvaratskhelia, jogador do Napoli Imagem: Giuseppe Cottini/Getty Images

12/10/2022 15h48

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O Napoli venceu mais uma na Liga dos Campeões da Europa. A vítima, novamente, foi o Ajax, que havia levado de 6 na semana passada e hoje perdeu "só" por 4 a 2. E foi "só" mesmo, pois o Napoli teve muitas chances e o placar mostra um certo equilíbrio que não foi a marca do jogo. O quarto gol marcado por Osimen, saiu já nos acréscimos.

O time de Luciano Spalletti fez 12 pontos de 12 possíveis na Champions e já está classificado para o mata-mata. Muito provavelmente será o primeiro do grupo, jogando o Liverpool para a ingrata segunda posição. Na Série A italiana, o Napoli lidera de forma isolada. Na temporada, são nove vitórias seguidas, com 29 gols marcados nesta sequência - que começou em setembro. O último jogo perdido pelo Napoli foi em abril, para o Empoli, em duelo da temporada passada.

Os números não mostram tudo. O mais bacana é que o Napoli é um time muito bom de se ver jogar. No Brasil, nós vivemos há 40 anos imersos neste debate, que é conceitual, é "de vida", é de forma de se viver o esporte, uma competição, a devoção. É o debate do estilo.

É claro que qualquer time, qualquer competidor, entra em campo para ganhar. Mas será que esta é a relação mais saudável entre torcedor e time de futebol? Será que "apenas" ganhar não é pouco? Será que ser não é mais relevante do que ter?

Spalletti, 63, coleciona camisas, é apaixonado pelo jogo e já fez vários trabalhos bacanas na Itália. Mas os tempos de Roma não puderam acabar em Scudetto, o máximo foram duas Copas da Itália (2007 e 2008). Teve de ir à Rússia e pegar o time mais rico de lá para ser campeão nacional - com o Zenit, em 2010 e 2012. É claro que o torcedor do Napoli está sedento por um Scudetto que não conquista desde os tempos de Maradona, mas será que isso é mesmo o que mais importa?

O Napoli foi encontrar Raspadori no Sassuolo, 22 anos, e o tal Kvaretskhelia (pronuncia-se kvarats-rrélia), ou Kvaradona, nascido na Geórgia há 21 anos. Dois jogadores rápidos, com futebol envolvente e vertical. O clube perdeu caras importantes na janela do meio do ano, mas foi buscar reforços de forma criativa e joga um futebol muito agradável de se ver.

Quem vai ao Diego Maradona hoje em dia, vai com a certeza de se divertir e passar bem. Será que o futebol deveria ser mesmo muito mais do que isso?