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Passeio do Athletico sobre o Botafogo tem simbolismo que vai além da vaga
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O passeio do Athletico-PR contra o Botafogo representou, à primeira vista, só uma coisa: a vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Mas eu vou além disso: é um jogo carregado de simbolismo, principalmente quando caímos naquela inútil e deliciosa discussão sobre qual clube é grande, qual não é.
Por mais respeitável que seja a história estadual do Athletico, o Furacão era apenas isso, uma potência local, até o meio dos anos 90. Foi quando começou a transformação em um clube nacional, estruturado, querendo se meter entre os "grandes". De lá para cá, veio título brasileiro, de Copa do Brasil, de Sul-Americana, finais de Libertadores...
E o Botafogo? Bem, para muitos há 12 "grandes" no futebol brasileiro - os quatro do Rio, os quatro de São Paulo, os dois de BH, os dois do Sul. Eu mesmo defendia essa tese. Só que ela simplesmente não para mais em pé.
É claro que o tamanho da história precisa ser sempre respeitado. Sempre. O Botafogo é o clube recordista de jogadores cedidos para a seleção brasileira em Copas do Mundo. Isso pode parecer bobagem, mas não é. É uma enorme medida, considerando que os anos dourados do futebol brasileiro tinham jogadores convocados só de clubes daqui.
O Botafogo é um clube grande do Rio, ex-capital e cidade mais conhecida do país. O Botafogo foi berço de alguns dos grandes jogadores, torcedores e escritores de nossa história. O Botafogo tem um dos escudos mais lindos do mundo.
Mas tem que ser muito saudosista ou apaixonado para seguir chamando o Botafogo de um grande do país. Hoje, virou um grande do Rio. Assim como o Athletico era só um grande do Paraná.
O século virou, a ordem de grandeza virou. Esse tipo de coisa não muda de um ano para o outro. É um processo, é algo que vai acontecendo - no gerúndio. E aí há alguns momentos-chave. O jogo de hoje é um momento-chave.
Se um jogo decisivo entre eles ocorresse nos anos 60, 70, 80, até mesmo 90, o Botafogo chegaria como favorito e com a responsabilidade de ganhar. Hoje? Hoje é diferente. Hoje, o time grande vai lá e passa por cima do outro. Não importa que o Athletico não joga nada há dois meses, que o Botafogo é um dos melhores visitantes, bla, bla, bla. Na hora H, do jogo decisivo, o time que, hoje, é maior, foi lá e se impôs de tal maneira.
O Athletico atropelou o Botafogo na Arena da Baixada, venceu por 3 a 0 e poderia ter vencido por 6. Foi um banho.
Todas as participações do Athletico na Libertadores ocorreram depois de entrarmos no ano 2000. A do ano que vem será a nona e será também a quinta em um recorte de sete anos. O Furacão nunca venceu o torneio, mas já chegou a duas finais - só outros sete clubes brasileiros disputaram mais de uma final continental.
O Botafogo jogou cinco vezes a Libertadores, quase a metade das participações do Athletico, e nunca chegou a uma final. É importante ressaltar que, nos melhores anos da história do Botafogo, a Libertadores passava muito, mas muito longe mesmo de ser uma prioridade para os clubes. O principal era o Estadual, seguido pelo Rio-São Paulo, que se transformaria no Robertão e, depois, no Brasileiro.
O Botafogo pode voltar a ser um grande nacional? Pode. Virou SAF, ainda tem capital humano e histórico, ainda está na segunda maior cidade do país, em um mercado importante. Pode. Mas, hoje, não é.
O jogo de hoje é um jogo simbólico, sim. Podem fazer o recorte de grandeza que quiserem. Hoje, Athletico e Botafogo fazem parte de grupos diferentes no universo do futebol brasileiro.
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