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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fim de semana consolida Arsenal e Napoli como candidatos reais a título

Giovanni Simeone, filho do técnico Diego Simeone, comemora gol pelo Napoli na Liga dos Campeões - FRANÇOIS WALSCHAERTS / AFP
Giovanni Simeone, filho do técnico Diego Simeone, comemora gol pelo Napoli na Liga dos Campeões Imagem: FRANÇOIS WALSCHAERTS / AFP

16/01/2023 04h00

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Antes de começar a temporada europeia, poucos seriam os malucos que colocariam algum dinheirinho para apostar em Arsenal e Napoli como vencedores dos títulos da Inglaterra e da Itália, respectivamente. Hoje, maluco é quem ainda não acredita nesta possibilidade.

O período pós-Copa do Mundo despertava dúvidas. Como voltariam os times? Será que algumas das surpreendentes campanhas seguiriam firmes? Será que alguns dos favoritos, que haviam começado a temporada com problemas, engrenariam? Clubes perderiam jogadores importantes por causa da competição da Fifa?

No fim das contas, a toada segue a mesma na maior parte das ligas. E o último fim de semana consolidou Napoli e Arsenal como candidatíssimos a título. Se algum torcedor destes clubes ainda não acreditava, chegou a hora de repetir a cueca, a posição de ver o jogo, tomar sempre o mesmo café da manhã, não lavar a camiseta, enfim, aquelas mandingas todas que alguns gostam - a cartilha do supersticioso.

O Campeonato Italiano voltou a ser disputado no dia 4 de janeiro e, logo de cara, a Inter de Milão ganhou do Napoli por 1 a 0, quebrando a invencibilidade napolitana no torneio. Veio logo aquele "xiiii" na cabeça de todo mundo. Mas, nas duas rodadas seguintes, o campeão Milan deixou escapar quatro pontos (empates com Roma e Lecce), a Inter perdeu dois (empate com o Monza Brianza) e a Juventus, que vinha de oito vitórias seguidas e nenhum gol sofrido nesta sequência, parecia ter se transformado na grande ameaça ao time azul do sul.

Pois bem, na sexta-feira a Juve foi ao San Paolo, hoje estádio Diego Armando Maradona, e levou "só" 5 a 1 do Napoli. Foi uma atuação monstruosa do geórgio Kvaratskhelia, a grande revelação da temporada (parabéns para quem já conhecia e admirava, mas ele era um total desconhecido da maioria). O rapaz fez um gol, deu duas assistências e levou uma nota 9 do algoritmo do SofaScore. Na Juventus, já se fala em "mudar tudo" e pode sobrar até para o técnico Allegri após a goleada.

O fato é que o Napoli lidera a Série A com 47 pontos - são 9 a mais que o Milan, 10 a mais que Juventus e Inter, 13 a mais que Roma, Lazio e Atalanta. Falta uma rodada para o final do turno, e o próximo jogo do Napoli será sábado, contra a Salernitana, que ontem levou 8 a 2 da Atalanta. No returno, o Napoli enfrentará Roma, Lazio, Atalanta, Milan e Inter em casa, só sai para visitar a Juve entre os times mais fortes.

Isso é o que podemos chamar de faca e queijo na mão. É a grande chance de o Napoli conquistar seu primeiro Scudetto sem ter em campo um certo Maradona, responsável máximo pelos títulos de 87 e 90. Na década passada, foram quatro vice-campeonatos (13, 16, 18 e 19), mas nunca com uma chance tão real de título como a de agora. É também a grande chance da vida do técnico Luciano Spalletti, quatro vezes vice-campeão da Série A comandando a Roma.

Na Inglaterra, um eventual título do Arsenal não seria tratado como um feito tão épico quanto o do Napoli, até porque estamos falando de povos diferentes e estilos diferentes de viver o futebol. O Arsenal é um grande de Londres, que entre 1997 e 2005 acabou sempre em primeiro ou segundo na Premier League. Mas começou a deixar de disputar o título conforme foram aparecendo os investidores estrangeiros, comprando clubes e injetando muito dinheiro neles.

O "pós-Wenger" não tem sido fácil, e o Arsenal ficou foram da zona de classificação para a Champions League nas últimas seis temporadas - eram 20 participações seguidas antes disso. 

Neste fim de semana, no entanto, o torcedor do Arsenal já pode mudar o discurso, que até outro dia era de "estamos fazendo um grande campeonato, mas não vai dar para aguentar a disputa com o Manchester City". Com Guardiola, o rei dos pontos corridos, o City ganhou quatro das últimos cinco Premier Leagues, em duas delas disputando ponto a ponto com o Liverpool e levando os secadores à loucura.

No sábado, o City perdeu de virada o dérbi contra o Manchester United. E, ontem, o Arsenal fez tranquilos 2 a 0 no Tottenham, no dérbi do Norte de Londres. Era uma rodada em que qualquer coisa poderia acontecer, e o que aconteceu foi a vantagem dos Gunners ser ampliada - e, não, diminuída. Também a uma rodada do final do turno, o Arsenal ostenta 8 pontos de vantagem sobre o City e 9 pontos sobre United e Newcastle (que tem um jogo a mais). O Totttenham está 14 pontos atrás, e os outrora candidatos Liverpool e Chelsea estão a um mundo de distância (19 pontos). Os confrontos diretos contra os times de Manchester estão chegando e serão no Emirates, em Londres - domingo agora contra o United e, em 15 de fevereiro, contra o City.

Chorando pela péssima arbitragem do sábado, Guardiola jogou a toalha e disse que o título inglês não está mais a alcance do City. É cascata, obviamente, nem ele acredita no que falou. É uma jogada para pressionar as arbitragens e o Arsenal ao mesmo tempo.

Mas o fato é que o destino do campeonato, hoje, é controlado pelo Arsenal, que pode quebrar um jejum de 19 anos sem o título principal do país. Será que dá?