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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em amistoso inútil, Ramon coloca seleção brasileira à serviço do Chelsea

Andrey Santos em ação pela seleção brasileira em amistoso contra o Marrocos - Alex Caparros/Getty Images
Andrey Santos em ação pela seleção brasileira em amistoso contra o Marrocos Imagem: Alex Caparros/Getty Images

26/03/2023 11h49

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Sempre houve e haverá amistosos em um ciclo de Copa do Mundo. Não são jogos que significam muita coisa, mas eles sempre têm uma razão de ser. Seja para o técnico observar jogadores, testar sistemas táticos, alternativas, o que for. Desta vez, temos um caso de um jogo que não serviu para absolutamente nada.

Quer dizer, quase nada. Ao escalar Andrey como titular, Ramon fez o serviço para o jogador e para o Chelsea, que tem fortalecido o processo burocrático em busca do visto de trabalho do jogador. Estavam lá João Gomes e André, convocados, jogadores com mais consistência na carreira recente do que Andrey. Jogadores mais certos para o novo ciclo da Copa do Mundo, não tiveram um minuto sequer em campo. Mas Ramon quis ajudar o Chelsea, não a própria causa. No meu ponto de vista, perdeu, além de uma chance, credibilidade. Seleção brasileira não serve para ajudar clube inglês.

Se fosse para ajudar alguém, que ajudasse o Vasco não convocando Andrey e contribuindo para que o empréstimo fosse mais duradouro. Mas o ideal mesmo seria que jogadores fossem convocados pela qualidade, condição no momento, perspectivas. Enfim, que politicagens, ajudas e influências de empresários ficassem fora da conta.

Dito tudo isso, era um jogo complicado, contra uma seleção motivada, em casa, com uma ótima Copa no retrospecto e para quem o amistoso era mais do que um jogo. A escolha da partida não foi muito boa para uma seleção sem técnico.

Se perde, só serve para gerar certo desespero em busca de um nome. Se ganha, não significaria nada para a seleção e para o ciclo, porque, afinal, o Brasil chegará a 2026 com outro cara no comando.

A CBF ainda não conseguiu definir o novo comandante e está à espera de Carlo Ancelotti. Talvez tenha recebido algum aceno, mas eu não ficaria muito confiante. Não há palavra - ainda mais de agente - que importe. Há assinatura. Isso sim é o que vale. São muitas as variáveis, entre elas a seleção brasileira dos clubes - o Real Madrid - e o fato de o italiano nunca ter se interessado por futebol de seleções. Que Ancelotti acorde um dia em maio e pense "é, veramente, não quero ir morar no Brasil e treinar uma seleção" não é um absurdo.

Qual o plano B? Ramon, obviamente, não pode ser. Além de não ter experiência alguma e curriculum para isso, mostrou ontem não estar à altura. Inventou a roda ao colocar Rodrygo enfiado entre os zagueiros e Rony aberto na ponta, quando ambos têm atuado melhor em seus clubes em posições invertidas. Além, claro, da questão Andrey.

Se Ancelotti não topar, a CBF pulará do plano B diretamente para o plano D, de desespero. E aí pode vir qualquer coisa. Eu apostaria em outro D, o de Diniz. Mas, para isso, precisa ganhar o Carioca com o Fluminense e colocar um título no curriculum. Ou então o plano J, de Jesus.