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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Se Ancelotti rejeitar a seleção, nome de Diniz será o mais forte

Fernando Diniz, técnico do Fluminense, beija troféu do Campeonato Carioca - Jorge Rodrigues/AGIF
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, beija troféu do Campeonato Carioca Imagem: Jorge Rodrigues/AGIF

10/04/2023 04h00

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A CBF quer Carlo Ancelotti, os jogadores querem Carlo Ancelotti. Mas Carlo Ancelotti quer a seleção? Macaco velho, o atual técnico do maior clube de futebol do mundo não fala nem "sim" nem "não" para a maior seleção de futebol do mundo. Os dirigentes da CBF, que parece uma instituição sem comando forte no momento, esperam o fim da temporada europeia.

Carletto nunca treinou uma seleção e sempre disse não se interessar por um trabalho assim. O Real Madrid perderá La Liga, mas possivelmente ganhará a Copa do Rei e vamos ver o que fará na Champions League. Há alguns profissionais, pela história no clube e pelo relacionamento com o presidente Florentino Pérez, que acabam ficando ou saindo independente dos resultados. É o caso do italiano. Caberá a ele decidir se fica ou não no Real. E caberá a ele decidir se assume ou não a seleção. usando um termo atual, de quem gosta dos sites de apostas, as odds estão contra Ancelotti na seleção.

Se vier um "não", está claro que não há plano B. Abel Ferreira nunca sinalizou que trocaria o Palmeiras pela seleção. A CBF nunca sinalizou querer Jorge Jesus, que está facinho e sonha com o cargo. No mercado interno, só há um nome. Que não é de consenso, mas que acaba de ganhar força: Fernando Diniz.

Muitos dos críticos usavam um argumento para não querer Diniz na seleção: não pode chegar lá quem nunca foi campeão de algo importante. Era um argumento válido. E acho que há vários outros. Gosto demais de Diniz, do trabalho, da ascendência sobre jogadores, da filosofia de vida. Mas acho que ele ainda poderia viver mais coisas em mais lugares antes de uma seleção. De qualquer forma, não importa o que eu acho. O que importa é que o título do Carioca, ainda mais do jeito que foi, com a goleada sobre o Flamengo, eliminou a história do "nunca foi campeão".

Há, agora, uma segunda etapa. Como estará o Fluminense daqui um ou dois meses? Estará bem no Brasileiro? Estará vivo na Copa do Brasil? E na Libertadores? - o começo na competição continental foi ótimo. Tudo isso será somado ao pacote "título carioca + técnico que faz os times jogarem bonito".

Sabemos que o próximo técnico da seleção é sempre o que está melhor no momento. Seu curriculum vale tanto quanto o resultado do último jogo. E Diniz, antes tão contestado - porque a maneira de ele ver futebol desafia a cultura extremamente resultadista do brasileiro -, hoje ganhou respeito da crítica e do público em geral. Os times dele continuam jogando bem, ele amadureceu bastante na tomada de decisões e, o principal, as equipes que comanda, agora, ganham.

Eu, assim como Diniz, não sou um resultadista. Vencer o Carioca é fantástico para ele, para os familiares, para a carreira, mas não muda o fato de este cara ser um grande técnico de futebol já há algum tempo. Para a seleção, repito, eu esperaria. Mas oportunidades do tipo não costumam se apresentar duas vezes - como bem sabe Muricy Ramalho. Se Ancelotti recusar a CBF, um telefone irá tocar nas Laranjeiras.