Saída surpresa de Benzema é mais uma bola dentro do Real Madrid

O Real Madrid não dá ponto sem nó. A maior parte dos clubes do mundo tem uma dificuldade gigantesca em fazer transições. O Real não é perfeito, já padeceu do mesmo mal no passado nem tão distante. Mas temos que admitir que, ultimamente, a estratégia de Florentino Pérez tem sido deixar a turma sair sem dó.

Cristiano Ronaldo quis ir embora? Um abraço, obrigado pelos serviços prestados, me paguem um negocinho aqui e tchau. Grana preta por Casemiro? Opa! Por que no? Sergio Ramos está a fim de um salário maior do que ele pode entregar? Merci, Ramos, o PSG te espera. Marcelo já não consegue mais? Esperamos acabar o contrato, está tudo bem. Chegou a vez de Benzema. O francês tem 35 anos, 14 de clube, uma enorme lista de serviços prestados.

Poucos se dão conta que Benzema chegou naquele mesmo verão de 2009, com Cristiano e Kaká - algumas vezes mais badalados, com justiça. Um deu certo, para lá de certo. O outro, pelas lesões ou o que quer que seja, não. Benzema saiu-se bem melhor que a encomenda. Sempre quieto, trabalhando sem retrucar, sem reclamar por ser coadjuvante. Esperou a hora dele para brilhar e virar Bola de Ouro.

Benzema ainda poderia dar um retorno esportivo para o Real? Sim. Mas por quanto tempo? Valeria fazer um contrato longo, com salário altíssimo? Não, claro que não. Ele vai lá "fazer o pé de meia" (e o resto do vestuário inteiro) na Arábia Saudita e a vida continua em Madrid. Rodrygo já está lá, talvez venha Kane, Endrick chegará logo, o Real terá o estádio mais moderno do mundo e, como sempre, terá a capacidade de convencer grandes jogadores a vestir a camisa branca.

Talvez o Real tenha aprendido alguma coisa com o prejuízo que Bale e Hazard deram recentemente. O primeiro ainda havia dado retorno técnico antes de deitar em um contratão e passar o tempo jogando golfe, em vez de bola. O segundo, nem isso. É preciso ter critério antes de assinar contratos longos, principalmente com jogadores que, provavelmente, não terão muito mercado no meio desta caminhada contratual.

O Real Madrid trata bem os craques que fizeram história no clube. Organiza homenagens, deixa as portas abertas eternamente, reconhece os feitos. Mas não rasga dinheiro. É por isso que é o que é.

Gracias, Benzema. Que venham os próximos.