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Quantas almas mortas o futebol gerou nesta semana?
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As imagens da Vila Belmiro e de São Januário, dois estádios históricos, de clubes históricos, marcaram a semana do futebol brasileiro. Isso nos dias que se seguiram às ameaças de torcedores organizados corintianos ao time na chegada do ônibus a Santos, antes do clássico, e a derrota triste da seleção brasileira, levando de 4 de Senegal em um jogo amistoso.
Quantas mortes o futebol brasileiro gerou nesta semana? Não me refiro a morte morrida. Me refiro às almas despedaçadas, que nunca mais se reconciliarão com o esporte que insistimos em amar.
As cenas dantescas, ainda bem, não acabaram com feridos graves. Mas são uma flechada no coração do pai ou da mãe que adorariam viver a experiência mágica do futebol com os filhos e filhas. Quem, em sã consciência, vai voltar a um estádio de futebol depois do pânico, da correria, do gás de pimenta, do medo?
Quem experimentou o desespero na Vila e em São Januário não quer repetir a dose. A criança que foi à porta do hotel onde o Corinthians ficaria hospedado em Santos também pensará 200 vezes antes de voltar a investir seu tempo na caça de uma foto ou um autógrafo do ídolo. No meio de tudo isso, não temos sequer a seleção brasileira para aquecer os corações.
Os debatedores acalorados em torno às pesquisas que mostram o tamanho desta ou daquela torcida raramente se dão conta de que o Brasil tem uma imensa parcela da população que é torcedora de... ninguém! A turma que não tem time. Que não gosta de futebol. Que despreza. Essa turma só aumenta. Porque cenas como a desta semana afastam e afastam e afastam.
Os clubes seguem morrendo de medo das torcidas organizadas, o poder público, idem - falo em medo para não cometer a leviandade de usar a palavra "parceria". A real é que ninguém faz nada para tirar esses caras do ambiente do futebol. Que já foi pior, mas também já foi melhor. Seguiremos enxugando gelo e falando frases bonitas do tipo "não dá mais para ver este tipo de coisa nos estádios". O interesse real de mudar as coisas passa longe de quem realmente pode mudá-las.
Enquanto isso, seguimos matando almas. O futebol não gosta de quem quer gostar dele.
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