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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Diniz no Flu e seleção: Conflito de interesses está sendo superdimensionado

Fernando Diniz foi apresentado como técnico interino da seleção brasileira - RICARDO MORAES/REUTERS
Fernando Diniz foi apresentado como técnico interino da seleção brasileira Imagem: RICARDO MORAES/REUTERS

05/07/2023 16h57

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Fernando Diniz deu nesta quarta sua primeira entrevista como técnico da seleção brasileira. É uma situação estranha? Sem dúvida. O cara tem contrato por um ano e nem mesmo sabe se, daqui a um ano, estará com a seleção na Copa América.

Sigo achando que a situação de Carlo Ancelotti está no ar, nada garantida, como quer transmitir o presidente da CBF (aliás, parênteses: Por mais que esta situação do Ancelotti esteja dando uma queimada de filme, tenho gostado das atitudes e do discurso do Ednaldo Rodrigues. Ma parece passar longe de ser o gângster de outros tempos). A contratação de Diniz é uma carta na manga. Se o italiano der para trás no combinado, ou se o italiano nunca combinou lhufas, já fica Diniz na ponta da agulha para seguir até a Copa.

Como bem falou o novo e atual técnico, não adianta ficar pensando em Ancelotti. Diniz fará o trabalho dele, assim como Scaloni fez o trabalho dele na Argentina, com um ano e tanto sendo considerado um interino. Foi ficando, foi ficando, ficou e ganhou a Copa.

A polêmica da vez, no entanto, é o tal conflito de interesses por Diniz ser técnico do Fluminense e da seleção brasileira ao mesmo tempo. Oras bolas, nós adoramos problematizar tudo - mas só às vezes.

Porque é possível problematizar a seleção brasileira por todos os aspectos que queiramos olhar. Desde o ponto de vista de empresários até de clubes. Eu acho surreal pensar que um cara como Tite vá convocar este ou aquele pensando em ganhar dinheiro ou no time do coração ou ajudar um agente ou prejudicar um determinado clube. Isso, na boa, é delírio.

Não, não estou sendo poliana. Existe muita falcatrua e malandragem no futebol, mas isso geralmente acontece com personagens obscuros ou gente fora dos holofotes. Quem conhece Fernando Diniz, e eu acho que conheço relativamente bem, sabe que não há a menor chance, nenhuminha, de ele convocar a seleção brasileira pensando em outra agenda que não seja simplesmente fazer o melhor trabalho possível e ganhar jogos. E se as pessoas quiserem ficar navegando em teorias da conspiração nas redes sociais, que fiquem!

Eu admito que há conflito de interesses. Mas meu ponto é que sempre houve! Ramón convocou Andrey só para ele poder ir para o Chelsea e isso não ganhou as devidas manchetes. Por que, agora, será Diniz o técnico a amassar a ética e jogar no lixo o próprio nome? Claro que é importante ficar de olho, fazer as devidas observações e apurações, mas não vejo tal conflito de interesses como algo tão grandioso assim para o momento.

São, afinal, somente seis jogos de eliminatórias. E o Brasil vai se classificar. Não há nada muito grave que possa acontecer.

O brasileiro adora uma teoria conspiratória e ama encontrar culpados, vilões e responsáveis pelas próprias mazelas. Adoramos falar mal dos outros. Qualquer técnico da seleção brasileira estará afundado em conflitos de interesses. Sinceramente, essa problematização do caso Diniz está para lá de exagerada.

E mais: finalmente a CBF resolveu parar o Brasileiro em datas Fifa. O problema está minimizado. Então querer imaginar que as convocações de Diniz irão afetar o campeonato de forma a distorcê-lo em benefício do Fluminense é, para mim um devaneio. É uma preocupação que não conversa com a realidade.