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Julio Gomes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Inter foi o mais azarado dos sorteios sul-americanos, mas não foi o único

Mano Menezes, técnico do Inter, durante jogo contra o Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro - Maxi Franzoi/AGIF
Mano Menezes, técnico do Inter, durante jogo contra o Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro Imagem: Maxi Franzoi/AGIF

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Sempre que há sorteios, seja de Libertadores, de Sul-Americana ou Champions League e Copa do Mundo, cabe a nós tentar identificar os melhores e piores caminhos, os melhores e piores encaixes.

Muitas vezes, o "azarado" acaba sendo campeão. Porque pegar um caminho difícil pode significar também um ganho importante de confiança, conforme as etapas vão sendo superadas. Outras vezes, um "sortudo" se aproveita mesmo do caminho e já se vê em uma semifinal. E aí, em uma semi, tudo pode acontecer. Tem de tudo, isso aqui não é trabalho de adivinhação, é uma observação dos fatos.

No meu ponto de vista, o Internacional foi o clube brasileiro mais azarado desta tarde de quarta-feira, o que mais tem a lamentar. O caminho do Inter rumo ao tri da Libertadores basicamente só tem pedreiras. Nas oitavas de final, o River Plate. Nas quartas, possivelmente o Athletico-PR. Nas semifinais, ou Fla ou Flu. Claro que são projeções, mas o fato é que é muito difícil imaginar o Inter na final deste ano. Ele é capaz de bater qualquer um destes em um mata-mata, o duro é fazê-lo em sequência.

Na Libertadores, Palmeiras e Atlético-MG se enfrentam pelo terceiro ano consecutivo. É claro que seria melhor evitar. Ainda que tenha passado tanto no ano passado quanto no retrasado, o Palmeiras não venceu uma sequer - foram quatro empates. E o time de Abel já caiu para Felipão no ano passado - agora, Scolari mudou de Atlético. Por parte do Galo, claro, é dureza enfrentar o time mais consistente do continente. Mas há lados bons para todos.

Para o Galo, é a chance de jogar como franco-atirador, do jeitinho que Felipão adora. O mais importante é que, quem passar, tem uma chave muito, muito boa para chegar à final da Libertadores. OK, o Del Valle pode ser um rival perigoso nas quartas. O Boca Juniors, se chegar lá, e acho difícil que chegue, pode ser um rival perigoso nas semis. Nada muito assustador, no entanto. Quem passar de Palmeiras e Atlético tem uma chance real de estar na final, então não é possível reclamar deste sorteio.

A chave do outro lado está mais dura. Por que Flamengo, Fluminense e Athletico não são, então, tão "azarados" como o Internacional? Oras, porque o Inter tem um confronto monstruoso já nas oitavas, enquanto os outros três são consideravelmente favoritos em seus duelos. O Athletico contra o Bolívar, o Flamengo contra o Olimpia e o Flu contra o Argentinos Juniors. Será uma grande decepção se qualquer um deles for eliminado.

E na Copa Sul-Americana?

O beneficiado é claro: o Botafogo. Apesar de ter ainda um playoff para disputar, contra o fraco Patronato, da Argentina, o caminho rumo à semifinal é um caminho "light": Guaraní do Paraguai nas oitavas e, depois, Defensa y Justicia ou Emelec ou Sporting Cristal.

Os grandes paulistas têm cascas de banana importantes pela frente. O Corinthians, que jogará com o "terrão", tem o playoff contra o Universitario, depois pega o Newell's Old Boys e, numa eventual quartas de final, Goiás, Estudiantes ou Barcelona-EQU. Difícil imaginar o Corinthians indo longe no torneio. E o São Paulo? Nas oitavas, vai ter um duelo duro contra San Lorenzo (vice-líder na Argentina) ou Independiente de Medellín. Nas quartas, é bem provável um confronto contra a LDU e a altitude de Quito - também dureza.

No quadrante que falta está a maior casca de banana. Fortaleza, Bragantino e América-MG estão todos lá, e também está o Libertad, que não é fraco. Os outros são Tigre e Colo Colo, que não são maravilhosos, tampouco péssimos. Creio que sairá um brasileiro aí para a semifinal e, o que sair, provavelmente Fortaleza ou Red Bull Bragantino, chegará muito forte para a reta final do torneio.

O Inter se deu mal na Libertadores e é difícil identificar que tenha quem se deu bem. Na Sul-Americana, o Botafogo teve sorte - e mais ninguém. No fim, não foi um sorteio dos sonhos para o futebol brasileiro. Dá para ver copo meio cheio e copo meio vazio em cada caso.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado no texto, o Newell's não teve a melhor campanha da fase de grupos, e sim o São Paulo. O erro foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL