Julio Gomes

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Botafogo errou na escolha e está brincando com a sorte no Brasileiro

O Botafogo não tem culpa por Luís Castro ter decidido ir embora. Tampouco tem "culpa" por Palmeiras e Flamengo terem vivido uma temporada em que o Brasileiro foi ficando de lado, de lado, de lado, e que o Fluminense nunca tenha conseguido arrancar no campeonato, especialmente pelas lesões e o calendário de maio.

Sem que ninguém esperasse, o clube, coadjuvante do futebol brasileiro neste século, se viu na liderança isolada e com uma vantagem brutal na busca por um título improvável. A saída de Castro poderia atrapalhar tudo? Poderia. Mas a solução encontrada, Cláudio Caçapa, foi ótima. O cara chegou, comandou o time em quatro jogos e buscou quatro vitórias.

Uma contra o Vasco - clássico é clássico. Outra contra o Patronato na Argentina, garantindo classificação na Sul-Americana. E as outras duas, anotem, contra Grêmio (fora!) e Bragantino, que atualmente são terceiro e segundo colocados no campeonato. Imaginem só o Botafogo sem os pontos destes jogos. Pois é. Caçapa basicamente foi muito além do que se esperava e do que o Botafogo poderia sonhar.

Mas aí a diretoria insistiu que insistiu com um técnico, Bruno Lage, que nem tanto curriculum tem para merecer a boa vontade por parte da diretoria da SAF botafoguense. Contrato só até o fim do ano. Claramente, este foi o português que mais a contragosto veio para o Brasil.

E deu errado. É simples assim, deu errado. O Botafogo empatou nesta segunda contra o Goiás, em um jogo que tinha que ganhar - até porque a rodada, como esperado, foi complicada para os teóricos pretendentes a "caçadores". Depois de tudo o que aconteceu nas últimas partidas, esta era a rodada para o Botafogo vencer e dar um golpe na mesa. "Esqueçam. Bobeamos, mas está tudo sob controle". Não foi nada disso.

A impressão, hoje, é que não há nada sob controle. A vantagem de 13 pontos, deixada por Caçapa, hoje é de 7 para o Bragantino. E 8 para Grêmio e Palmeiras. E 9 para o Flamengo. É muito, mas é pouco. É uma boa liderança, mas ainda faltam 13 rodadas, um terço de campeonato, e a curva do Botafogo é descendente. "Burro", diz a torcida a Lage, o técnico que deixou Tiquinho Soares no banco. Errados, não estão.

Nada que uma ou duas vitórias não coloquem de volta no lugar. Mas, neste momento, está difícil visualizar quando virão essas vitórias. Quando Bruno Lage pediu o chapéu, depois da derrota para o Flamengo, a SAF deveria ter aceitado correndo. Não aceitou. E agora? Vai segurar até quando?

Tudo bem que é bom ter projeto. Mas não há projeto capaz de fazer o Botafogo ter uma chance tão boa de ser campeão brasileiro quanto hoje. É preciso atuar já, antes que seja tarde.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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