Julio Gomes

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Messi tem Bolas de Ouro a mais, mas a deste ano é muito merecida

Lionel Messi é o melhor jogador do mundo há algum tempo. Eu diria que há uns 15 anos. Ele é o melhor do mundo constantemente, todos os dias destes 15 anos? É claro que não. Houve momentos em que outros estiveram acima dele por um período maior ou menor de tempo - o mais notável e por mais vezes, claro, Cristiano Ronaldo.

Messi conquistou nesta segunda-feira sua oitava Bola de Ouro. A Bola de Ouro, dada pela France Football, é o mais prestigioso e respeitado prêmio individual da Europa. Chegou a ser "juntada" com a premiação da Fifa, justamente porque a Fifa via que ninguém ligava para o que ela falava (somente em países cartoriais, como o Brasil, que adoram um carimbo oficial para as coisas). Há alguns anos, estão separados de novo, existe o The Best e a Bola de Ouro.

A Bola de Ouro deu, no meu ponto de vista, dois passos em falso imperdoáveis nos últimos anos. 1) mudou seu colégio eleitoral, ampliando para muita gente além de especialistas e ficando sujeita a votos mais populares do que votos técnicos; 2) não premiou em 2020, ano da pandemia, o que acabou em uma tremenda injustiça com Lewandowski.

O atacante polonês vai acabar a carreira sem Bola de Ouro, sendo que deveria ter conquistado duas: a de 2020 e a de 2021, que perdeu para Messi. A de 2021 foi uma das três Bolas injustas que considero que Messi recebeu, beneficiando-se do fato de "ser" o melhor, quando a votação, na verdade, deveria levar em conta quem "esteve" melhor ao longo da temporada.

Messi nunca "foi" pior jogador que Lewandoski. Mas Lewa "esteve" melhor que ele ao longo de 20/21. Em 2019, Messi ganhou o prêmio em cima de um batalhão de jogadores do Liverpool, todos eles tinham sido melhores do que Messi na temporada. Bastava escolher um: Van Dijk, Alisson, Mané, Salah, Firmino... Não se compara o que os jogadores do Liverpool jogaram em 18/19 com o que fez Messi - aliás, eles se enfrentaram na semifinal da Champions League daquele ano. Na prática, os votos ficaram pulverizados e Van Dijk perdeu de Messi por pouco. Se houvesse uma espécie de segundo turno naquela votação, Van Dijk ganharia.

O mesmo efeito, o da pulverização, gerou o prêmio Bola de Ouro/Fifa para Messi em 2010, ano de Copa do Mundo. Naquela temporada, Xavi e Iniesta fizeram pelo Barcelona o mesmo que Messi, mas ganharam a Copa. Sneijder, que seria o meu Bola de Ouro, foi campeão de tudo jogando muito pela Inter de Milão e também fez uma grande Copa com a finalista Holanda. Os votos ficaram distribuídos, Messi levou mais pelo nome do que outra coisa.

Cristiano Ronaldo também foi beneficiado em 2013, quando Ribèry fez uma temporada tremenda pelo Bayern de Munique. O português deveria ter quatro - em vez de cinco - Bolas de Ouro. E Messi deveria estar ganhando hoje a sua quinta, em vez da oitava.

A Copa tem que ter uma importância maior do que tudo, não tem jeito. O que importa a temporada ridícula do PSG e o fato de ele ter ido depois para o Inter Miami? A resposta é: nada. Não tem relevância. Por mais que Haaland tenha brilhado no Manchester City e seja uma pena que fique sem a Bola de Ouro, não dá para ignorar o que aconteceu no Qatar no meio da temporada. O mesmo serviria para Mbappé, caso um pênalti tivesse ido para cá ou para lá. O futebol é assim, às vezes um lance desencadeia uma série de eventos - e prêmios.

As premiações são individuais, mas o resultado coletivo está em um contexto impossível de ser ignorado. Quem está lendo aqui pode concordar comigo ou discordar fortemente sobre minhas opiniões de 2010, 2019 e 2021. Mas, neste temporada, não há discussão. A Bola de Ouro para Messi está em ótimas mãos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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