Julio Gomes

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Com quarteto 'à la Flu', seleção brasileira ganha a cara de Diniz

Se vocês quiserem, podem chamar Martinelli de Keno. Ou Raphinha de Arias. Talvez Vinícius Jr de Kennedy ou Rodrygo de Cano? O quarteto da seleção brasileira, convenhamos, tem mais nome e talento do que o quarteto do Fluminense. Mas o quarteto do Flu já cumpriu a missão: ganhou a América. Agora, cabe ao quarteto da seleção fazer as coisas acontecerem no futebol de seleções da América.

O paralelo é evidente. Sem Neymar e Casemiro, além da ausência de um camisa 9 de garantias, Fernando Diniz vai colocar a seleção brasileira para jogar mais "do jeito dele". É uma ruptura com o passado recente e a enorme influência de Tite na construção da seleção brasileira nos últimos anos. Não que estivesse sendo feito tudo de um jeito errado. Apenas de outro jeito. A frustração de ter visto uma seleção pouco criativa e agressiva nos últimos jogos não é só de quem assistiu, mas também de quem viveu.

Contra a Colômbia, amanhã, o Brasil jogará em uma espécie de 4-2-4. Com uma linha de 4 normal atrás, com André e Bruno Guimarães no meio - dois jogadores que nasceram para o profissionalismo com o Dinizismo - e com os quatro do ataque.

Alguém pode falar que o Brasil já estava jogando com um quarteto à frente. Mas Neymar gosta de ser meio-campista. E tinha a missão de começar as jogadas desde trás. Era protagonista demais, dava dinamismo de menos. Com Rodrygo "substituindo" Neymar, a tendência é de menos dribles e individualismo, mais passes e velocidade.

As movimentações são a chave do negócio. Veremos Martinelli e Raphinha ocupando o mesmo espaço e se encontrando no campo, como já vimos Keno e Arias no Fluminense? Veremos Rodrygo um pouco mais atrás e Vinícius, como velocidade e qualidade, mais à frente? Tudo isso é possível. E é claro que a falta de entrosamento pode atrapalhar. Mas, se os jogadores conseguirem interpretar bem o jogo e atacar os espaços, pode dar muito certo.

"É uma tristeza não poder contar com o Neymar, faz falta em qualquer cenário, assim como o Casemiro. Com a ausência deles, tem a oportunidade para os outros. Os jogadores abraçaram muito bem a ideia nos treinamentos. Queremos aproveitar o bom momento que os atacantes vivem no Real Madrid. Vinícius tem jogado de maneira mais centralizada, fazendo mais gols. Rodrygo tem um encaixe perfeito daquilo que penso no futebol. Com a entrada do Martinelli, podem acontecer essas trocas de posição. A tendência é de ter mais volume e de trocas posicionais."

O próprio Diniz já explicou tudo o que ele espera que aconteça na entrevista coletiva desta quarta. Martinelli pela esquerda e Raphinha pela direita são posicionamentos que têm muito mais a ver com o desenho defensivo, de recuperação de bola e fechamento de espaços, do que com a fase ofensiva. Quando o Brasil tiver a bola e estiver no ataque, a ideia é que ninguém guarde posição.

Vinícius Jr interpretou mal os jogos contra Venezuela e Uruguai - ele mesmo disse isso - e ficou grudado na linha lateral do campo. Com o novo desenho, ele é "obrigado" a se integrar mais ao resto do time e não há razões para que isso não funcione.

Quando Diniz passou a usar Kennedy e formou o quarteto ofensivo, o Fluminense começou a voar na reta final da temporada e ganhou o título mais importante de sua história. Não tem por que não querer copiar o que dá certo.

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E, como peça fundamental para o início de tudo, André pode ser chamado de André mesmo. É o mesmo cara. O mesmo menino bom de bola, que só toca menos na redonda do que Rodri, o início de tudo no Manchester City - isso é número, não é opinião. André e Bruno terão de se desdobrar na marcação e precisarão de ajudas e de laterais bem ligados na partida. Esse é o risco intrínseco ao sistema com quatro atacantes. Mas, como diria o ditado, quem não arrisca não petisca.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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