Julio Gomes

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Endrick impressiona pela maturidade e se mostra pronto para a ocasião

O futebol de Endrick chama a atenção. O menino era um fenômeno da base, demorou um pouquinho para pegar no breu no profissional - o que é absolutamente normal, diga-se - e agora já nos deixa com água na boca, pensando no futuro longo que tem pela frente. Uma pena que o futuro será longe do futebol brasileiro, então é bom aproveitar para vê-lo de perto agora, enquanto ainda veste a camisa do Palmeiras.

Mais do que o futebol, no entanto, o que chama a atenção é o nível de maturidade do menino. Nascido em 21 de julho de 2006, Endrick tem somente 17 anos. Com essa idade, uma grande parte dos jovens não saíram da escola ainda. Outros, saíram não porque avançaram à faculdade e, sim, pelas dificuldades impostas pela vida. Invariavelmente, estamos falando de uma fase complexa da adolescência. Se tem uma coisa que adolescentes são é imaturos. Faltam experiências, faltam tombos, erros, acertos, profundidade.

Endrick fala como alguém que já viveu de tudo na vida - e não viveu nada. Não soa arrogante, não é arrogância. É preparo. E, claro, é personalidade. Não acho que ele não precise sair de casa, como disse ontem na entrevista coletiva que deu às vésperas de "só" um Brasil x Argentina. Mas precisa estar preparado para o pacote que é ser jogador de futebol. No pacote, tem de tudo. Amizades falsas, mulherada em cima, empresários tentando sugar o máximo de dinheiro, clubes que te tratam como mercadoria, imprensa e torcida endeusando e massacrando. Quanto mais um garoto é preparado para isso, mais ele fugirá das armadilhas e se beneficiará das oportunidades.

A maneira como ele fala do pai, da mãe, do técnico do Palmeiras, do técnico da seleção, a maneira como se comporta. Tudo isso é bastante impressionante quando você vê o menino falando e agindo.

Temos um punhado de jogadores que vimos serem preparados para o estrelato. Mas nenhum deles explodiu assim, com 16 para 17 anos. Talvez tal preparo faça Endrick ser ou parecer ainda melhor do que ele efetivamente é ou será jogando bola.

Depois da partida contra a Colômbia, Endrick se beneficiou pelo que outros não fizeram. Se ele tivesse entrado no lugar de Vinícius Jr, talvez tivesse decidido o jogo. Talvez tivesse sucumbido junto com o time. Nunca saberemos. O que sabemos é que João Pedro entrou e não agradou, Paulinho um pouco mais, mas em menos tempo. A comissão técnica se arrependeu de não ter levado Vítor Roque para a primeira convocação de Diniz. Não dava, portanto, para deixar passar a oportunidade de contar com outra joia do futebol brasileiro.

Pode ser a hora de Endrick.

Vai entrar jogando contra a Argentina? Não. O titular do ataque é Gabriel Jesus. Mas Gabriel veio em processo de recuperação e não estará para 90 minutos. No treino de ontem, a comissão testou alternativas para o lugar de Gabriel. Uma, Joelinton, como opção de reforço ao meio de campo. Outra? Endrick. Ele "furou a fila" em que estava atrás de João Pedro e Paulinho. Se, em algum momento da partida, o Brasil precisar mexer no ataque, é ele que vai entrar.

Com 17 anos, quem está preparado para vestir a camisa da seleção brasileira em um jogo contra a Argentina? Endrick está.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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