Julio Gomes

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Rival egípcio do Flu tem menos estrelas, mas encarou brasileiros de frente

O Al Ittihad jogava em casa, contratou Benzema, contratou Gallardo e tinha tudo para fazer um Mundial de Clubes que poderia ser até histórico para um time asiático. Mas levou uma paulada de 3 a 1 do Al Ahly, do Egito, e está eliminado. É o campeão africano, pois, que será o rival do Fluminense na semifinal, segunda-feira.

De primeira, são três avaliações curtas e grossas: o Al Ahly é menos assustador em termos de talentos individuais do que o Ittihad; mas o Al Ahly tem um conjunto bem superior; e o Flu jogará fora de casa do mesmo jeito, fosse contra um ou outro.

O Al Ahly é uma espécie de Real Madrid da África. É o grande time continental, tem uma torcida gigante e fanática. O Cairo é pertinho de Jeddah, há voos diretos e frequentes, há dezenas de milhares de torcedores egípcios na cidade - que fica do outro lado do Mar Vermelho, em relação ao Egito. A torcida vermelha do Al Ahly engoliu a do Ittihad hoje e também estará presente no jogo de segunda.

A boa notícia para o Flu é que o Al Ahly acaba sempre caindo na semifinal do Mundial de Clubes, nunca conseguiu chegar à decisão. A má notícia é que enfrentou os dois times brasileiros mais fortes dos últimos anos e encarou ambos - teve jogo, apesar de nenhuma vitória. Contra o Palmeiras, em 2021, empatou sem gols na disputa do terceiro lugar e se deu bem nos pênaltis; de novo contra o Palmeiras, em 2022, perdeu por 2 a 0; e no começo deste ano, contra o Flamengo, perdeu por 4 a 2 na disputa de terceiro lugar, mas jogou melhor por 70 minutos e foi vítima dos próprios erros defensivos (bizarros), que decretaram a virada flamenguista. Houve também outras derrotas para brasileiros.

Mais de meio time das equipes que entraram em campo contra Palmeiras e Flamengo esteve em campo hoje e estará contra o Fluminense. É uma equipe que joga junto há bastante tempo, que é base da seleção do Egito e que tem entrosamento. Sabe jogar com posse, mas também sabe jogar recuado atrás e sair nos contra ataques.

Craques? Não tem. O grande herói é o goleiro, o histórico El Shenawy, que ampliou sua lenda ao defender o pênalti de Benzema. É isso, o Ittihad teve a chance de empatar no primeiro tempo, mas Benzema, o Bola de Ouro de 2022, uma das maiores contratações da história do futebol saudita, desperdiçou. No segundo tempo, o Ittihad pressionou e já merecia o empate, mas aí saíram os gols do Al Ahly no contra ataque. O Ahly sabe se defender melhor do que as equipes milionárias montadas pelo país vizinho.

Pode ter torcedor do Fluminense comemorando a eliminação do Al Ittihad. Mas convém ter respeito pelo maior clube africano da história. E na África se joga mais bola do que na Ásia.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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