Julio Gomes

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Diniz e Fluminense foram os nomes próprios do ano no futebol brasileiro

Fernando Diniz e Fluminense. Fluminense e Fernando Diniz. Em um ano em que a seleção brasileira foi meio que abandonada, que o Campeonato Brasileiro foi vencido e perdido, antes de cair para o clube mais, digamos, "sério" do país, nada foi mais forte do que o 2023 do Tricolor carioca e seu comandante.

O Fluminense foi o time que melhor jogou futebol na maior parte do ano. No Campeonato Carioca, deu duas pauladas no Flamengo, o grande inimigo - e que, sem dúvida, ganha o troféu de "decepção do ano". Uma paulada na Taça Guanabara, que é apenas um troféu simbólico, como simbólica foi a virada que deu ao Flu a taça, quando o Fla jogava pelo empate. Era um sinal do que viria pela frente. Depois, a final do Carioca, com vitória do Fla no primeiro jogo e nova virada, com goleada, do Flu para ficar com a taça.

Ali, Fernando Diniz ganhava seu primeiro título importante, o que lhe dava o "passe" para poder assumir a seleção brasileira, como assumiu.

O Fluminense tinha tudo para ser o Botafogo do Brasileirão. O Botafogo do primeiro turno, claro. Era o melhor time do país, o mais confiante, o que jogava melhor e poderia ter disparado na frente. Mas não aconteceu. Pelas lesões, que atrapalharam muito a maratona do mês de maio, em especial, e também pelo foco total na Libertadores.

O que é sempre uma aposta de risco. A Libertadores é, no meu ponto de vista, um torneio mais "fácil" de ser vencido do que o Brasileiro. São menos jogos e menos adversários fortes. Mas é mata-mata. É arriscado apostar todas as fichas em um torneio em que um jogo, um lance, botam tudo a perder. O Flu encarou a Libertadores como a chance de ter tudo a ganhar. E ganhou. Teve sorte? Lógico que teve. Não existe ganhar um torneio competitivo de mata ou mata-mata sem algumas doses de sorte.

Enner Valencia perder dois gols feitos é sorte. John Kennedy fazer tantos gols decisivos não é sorte, é parte do milagre operado por Diniz e pelo clube de confiar no garoto - que começou o ano na Ferroviária, rebaixada no Paulistão. O mundo gira.

A rota do Fluminense na Libertadores tinha uma fase de grupos difícil, que foi tirada da frente com goleada sobre o River Plate. Depois, um mata-mata em que apareceriam no caminho o Flamengo, o próprio River e o Palmeiras. Cada um com seus problemas. No lugar, vieram Olimpia, Inter e Boca. Melhor para o Flu, que foi eliminando todo mundo com seu time forjado em experiência e juventude.

É a mistura perfeita do futebol - quando dá certo. Marcelo não tem mais como jogar na Europa, mas faz muita diferença por aqui. Cano faz diferença por aqui e certamente teria feito na Europa, se a oportunidade fosse dada. Fábio sempre foi um grande goleiro. Felipe Melo não comprometeu, Ganso ajudou. Os veteranos entregaram o que precisavam entregar, mas era necessário que a juventude trouxesse a explosão. Kennedy é o rosto óbvio disso, mas fico essencialmente com André, um jogador totalmente fora da curva, de qualidade imensa.

Esse time do Fluminense pode ser escalado decor por qualquer pessoa que goste de futebol no Brasil. Essa é a comprovação de "times que ficam para a história". E o estilo de jogo é muito bacana. Não é perfeito, claro que não é. Mas dá gosto de ver jogar em seus melhores momentos.

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Fernando Diniz, com seus caminhos, é o treinador que resgata a essência do futebol brasileiro: jogar. E jogar com coragem. O futebol mudou muito, mas a evolução mundial não poderia significar retrocesso justamente aqui. Foi o que aconteceu ao longo de décadas. Diniz resgata o que Telê e Luxemburgo fizeram nos anos 90, com modelos diferentes, mas a essência de jogar para frente e tentar ganhar - sem ter o medo de perder como grande preocupação.

Na seleção brasileira foi um fiasco? Sem dúvida. Em termos de resultados, a coisa não deu certo, nem perto disso. Mas não dá para tirar da conta a quantidade incrível de lesões, de gols perdidos em alguns dos jogos e o limbo em que se encontrava a seleção. São atenuantes. O fato, no entanto, de ter um técnico se dividindo entre seleção e clube, muitas vezes um dia em um, outro no outro, faz de Diniz um enorme personagem. É alguém que não passa batido nunca. E que ainda tem algo a dizer como técnico da seleção.

Outros times foram campeões, outros técnicos mostraram valor. Mas este ano foi do Flu. E de Diniz.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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