Dorival merece mais a seleção do que a CBF e a seleção merecem Dorival
Dorival Júnior merece ser o próximo técnico da seleção brasileira. Poderia ter sido apontado há um ano e pouco, depois de ter feito o que fez com o Flamengo e ter demonstrado que consegue domar estrelas, criar ambiente em um grupo de cobras criadas e chegar a resultados. Ganhou mais pontos ainda depois de ter feito história com o São Paulo em 2023. No fim das contas, ele triunfou em mata-matas e demonstrou algumas virtudes importantes para o cargo de técnico da seleção brasileira, como saber encontrar soluções rápidas, lidar bem com atletas e ganhar jogos de vida ou morte.
A discussão entre Dorival e Fernando Diniz seria ótima, mas essa eu deixo para outro momento.
O "porém" da decisão de Dorival de largar o São Paulo para realizar o sonho de pegar a seleção é justamente a situação turbulenta da disputa pelo poder da CBF. Está claro que Dorival resolveu arriscar em nome de um sonho de vida, uma realização profissional, a coroação do trabalho árduo de anos e anos. Se Ednaldo cair e ele cair junto, paciência, vida que segue. Mas e se Ednaldo não cair? E se cair, mas quem vier para o lugar topar a continuidade de Dorival? Como sabemos, os resultados - e nada mais - ditam esse tipo de decisão.
A CBF tem um governo que pode ser chamado de provisório. Ednaldo Rodrigues fez inimigos, construiu também alianças e a briga pelo poder está pegando fogo. No meio de tudo isso, está a seleção brasileira. Se Dorival fizer um bom papel nos amistosos contra Inglaterra e Espanha e também na Copa América, não há muito por que trocá-lo antes da Copa do Mundo de 2026, quem quer que seja o presidente da vez. A janela de oportunidade era real, portanto, e Dorival resolveu aproveitar.
É uma pena ter de deixar o São Paulo, em uma temporada que prometia. Mas são os ossos do ofício. Só Muricy Ramalho priorizou, em seu momento, o clube no lugar da seleção - e acabou perdendo a chance, que nunca mais apareceu, de ser o técnico do Brasil em uma Copa do Mundo.
No futebol, não há movimentos sem risco. Eu compreendo a decisão de Dorival Jr e ele merece chegar onde chegou. É uma boa pessoa e mais um cara preocupado em melhor o jogo como um todo, não apenas com o emprego ou causas individuais. Com Tite, depois Diniz, depois Dorival, a CBF aposta em pessoas que estão mais preocupadas do que ela com o futebol brasileiro. É um prêmio poder apontar o dedo e escolher quem bem entender. A cartolagem brasileira não merece os funcionários que tem.
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