Julio Gomes

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City será campeão sem vencer rivais. Pontos corridos precisam de uma final

O Manchester City é o virtual campeão inglês. Será o sexto título inglês de Pep Guardiola em oito temporadas no comando técnico do ex-primo pobre, hoje primo rico, de Manchester. Tem muito mérito, muita qualidade, muito futebol.

Mas, nesta temporada, o City será campeão sem vencer uma partida sequer contra Arsenal e Liverpool. Foram quatro jogos, com uma derrota e três empates contra os times mais fortes do campeonato. Em 2022, quando ganhou a Premier League por um ponto contra o Liverpool (93 a 92), o City tampouco venceu algum dos dois confrontos diretos, que acabaram empatados,

O Arsenal, por sua vez, não perdeu uma partida sequer para os times mais fortes do campeonato. Ou seja, o campeonato acaba sendo decidido por resultados que geralmente ocorrem na primeira metade do campeonato, quando há todo o tipo de distrações. É decidido porque um não tropeçou em algum time mais fraco, enquanto outro deixou algum ponto escapar.

Eu entendo a tradição dos pontos corridos na Europa. E entendo o amor recente do brasileiro. Os pontos corridos aprofundam diferenças, fazem os grandes serem ainda maiores e mais vencedores. Entendo quem defende este sistema de disputa pelo ponto de vista financeiro, de estabilidade e previsibilidade. Mas, na boa, é indefensável que um campeonato de 9 ou 10 meses seja decidido desta maneira.

É uma grande mentira que os pontos corridos sejam o sistema mais justo. Há diferenças de dinheiro, de elenco, de interesse, há um monte de inconsistências. Hoje, a torcida do Tottenham comemorou o gol do City, já que o rival Arsenal ficou quase sem chances de título. É justo que o City seja campeão inglês sem vencer Liverpool ou Arsenal? Que seja campeão porque foi melhor contra os Sheffields, Burnleys e Lutons?

Como é inútil querer acabar com esta fórmula, eu proponho uma melhoria nela. Se um time chegar ao final do campeonato de pontos corridos com quatro ou mais pontos de vantagem, ele é declarado campeão. Mas, se a distância for de três pontos ou menos, tem de haver um confronto direto.

Na Itália, voltou a existir o "spareggio", ou jogo de desempate, mas somente para empate em pontos entre os líderes. Eu proponho que a "final" seja disputada em dois jogos sempre que a diferença for de até três pontos. Ida e volta. Ao "líder" dos pontos corridos, a vantagem do empate. Se houver três times envolvidos, segundo e terceiro jogam pelo direito de enfrentar o primeiro. Não seria mais justo e mais legal?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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