Julio Gomes

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Atalanta destrói Bayer e faz história com filosofia e sem 'grana esquisita'

Vocês sabem quantas vezes a Atalanta havia chegado entre os cinco primeiros colocados do Campeonato Italiano na história? Nenhuma. Nenhuma até 2017. O primeiro ano de Gian Piero Gasperini no comando técnico do pequeno time de Bérgamo, cidade com uma importante zona industrial pertinho de Milão.

Gasperini foi cria da base da Juventus, mas depois passou a carreira rodando em times pequenos da Itália. Virou técnico 20 anos atrás e fez alguns bons trabalhos no Genoa. Passou pela Inter de Milão em 2011, ficou cinco jogos sem vencer e? tchau. Era um técnico que tinha toda a pinta de que iria vagar por times pequenos a vida toda. E a contratação feita pela Atalanta, em 2016, oito anos atrás, era apenas mais um passo nesse sentido. Chegava Gasperini para salvar o time da Série B, que havia jogado pela última vez cinco anos antes.

Foi uma transformação e tanto. Uma transformação filosófica e futebolística que foi muito além do que dirigentes e torcedores sonhavam. Logo no primeiro ano de Gasperini, a Atalanta passou a praticar um futebol intenso e ofensivo e terminou a Série A na quarta posição. Uma classificação histórica, inédita, a melhor desde um isolado sexto lugar de 1989, quando o artilheiro do time na temporada havia sido Evair - sim, aquele. No ano seguinte, sétimo. Em 2019, 2020 e 2021, a Atalanta acabou a Série A na terceira posição, pódios inéditos. A Atalanta deixou de ser minúscula para virar um time médio que incomoda os grandes na Itália. Sem dinheiro dos Emirados Árabes ou do Qatar ou da Red Bull. Com o trabalho e a filosofia de um treinador subestimado no próprio país.

Com Gasperini, a Atalanta fez grandes jogos ao longo dos últimos oito anos. Revelou e recuperou jogadores que estão por aí, nos grandes europeus. Mas faltava um título! Uma Copa, alguma coisa.

Chegou o dia. O dia mais importante da história da Atalanta, o dia mais importante da carreira de Gasperini. O dia do título! A Atalanta meteu 3 a 0 no Bayer Leverkusen, fez uma partida perfeita e levantou o troféu da Europa League, a segunda competição mais importante do universo de clubes da Uefa. Foi a primeira derrota do Bayer, campeão alemão, em toda a temporada - eram 51 jogos de invencibilidade.

O Bayer é uma espécie de Atalanta, um médio alemão que nunca ganhava nada. Conquistou a Bundesliga, fez uma festa maravilhosa no fim de semana, mas foi esmigalhado na final de Dublin. Lookman, o nigeriano que disputou em janeiro a final da Copa Africana de Nações, foi o grande astro, com três gols na final.

Gasperini calou Xabi Alonso na base da experiência e da pressão, uma pressão para recuperar a bola que foi a grande marca da Atalanta em todos esses anos. Sufocou o adversário ao longo de 90 minutos. E ganhou o prêmio sonhado.

É muito justo que a Europa veja um título da Atalanta. De um pequeno que virou grande, enorme, com as próprias forças, não com dinheiro de sei lá onde.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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