Julio Gomes

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Sylvinho se reivindica e mostra, com a Albânia, que merece respeito

A Albânia fez um grande jogo contra a Croácia, nesta manhã de quarta, pela Eurocopa. Abriu o placar no primeiro tempo, teve duas chances claríssimas de ampliar, a Croácia melhorou na etapa final, pressionou, virou o jogo, mas a seleção albanesa teve força mental e espírito para empatar a partida aos 50min do segundo tempo. Um 2 a 2 justo.

Na última rodada, a Albânia enfrenta a Espanha, enquanto a Croácia pega a Itália. Com um ponto em dois jogos, Albânia e Croácia só se classificarão se vencerem na próxima segunda-feira. Empate não serve, pois passar com dois pontos é algo quase impossível para os terceiros colocados.

O técnico da Albânia é Sylvinho. Sim, aquele mesmo que foi chamado de estagiário e esculachado por boa parte da mídia corintiana, que acabou influenciando torcedores a acharem o mesmo. Sylvinho tem uma carreira bem consistente no futebol. Como jogador no Brasil, como jogador na Europa e está construindo a carreira como técnico. Pensem bem, olhem para o Corinthians dos últimos 6 ou 7 anos. Será que a culpa dos fracassos e papelões é dos técnicos que passaram por lá? O que foi do Corinthians nos dois anos desde a demissão de Sylvinho no meio de um Estadual?

Sylvinho está lá na Euro, classificou a Albânia (a Albânia!!!), fez um grande jogo contra a Itália e outro contra a Croácia. Será que a seleção brasileira teria feito muito melhor do que a Albânia fez nesses dois jogos?

É preciso respeitar mais os profissionais que passam pelo futebol brasileiro, A máquina de moer técnicos é insuportável. Ninguém tem tempo para trabalhar se perde dois, três ou quatro jogos. Todo mundo tem opinião sobre tudo, mesmo sem acompanhar de perto o trabalho dos caras, tudo é resultado, resultado, resultado. Será que o Corinthians está melhor agora do que se tivesse dado um ano, um ano e meio de tempo para um cara preparado como Sylvinho?

A partida de hoje, a campanha toda da Albânia, deveria colocar Sylvinho de volta no mercado brasileiro e mesmo europeu - até porque ele, ao contrário da maioria, se desenvolveu em idiomas. Não adianta técnico brasileiro querer desbravar a Europa falando só português e se arrastando no resto.

O jogo da Albânia foi extraordinário taticamente no primeiro tempo contra a Croácia, muito melhor, por exemplo, do que o Brasil fez contra a própria Croácia um ano e meio atrás, nas quartas de final da Copa do Mundo. A Albânia reforçou o meio de campo, para não permitir que Modric, Kovacic e Brozovic se sentissem cômodos. Imprimiu velocidade nos contra ataques, o que a Croácia detesta, fez um gol justamente com o jogador surpresa na escalação (Laçi) e criou duas chances claras para fazer o segundo.

No segundo tempo, o técnico Dalic foi bem nas alterações, Pasalic e Susic entraram com tudo e a Croácia mereceu empatar e virar. Coube à Albânia se defender contra uma seleção que é simplesmente melhor e mais talentosa. Kramaric empatou e Gjasula teve a infelicidade de marcar um gol contra. Mas quis o futebol que o próprio Gjasula empatasse o jogo nos acréscimos, chegando na área para concluir uma jogada pela esquerda. Este é o detalhe importante. Depois de levar a virada, aos 31min, Sylvinho fez as alterações que mandaram a Albânia para frente explorando o lado frágil da Croácia. O gol saiu depois de outras jogadas já terem sido criadas.

Foi um empate merecido para a Albânia e para Sylvinho, um treinador que foi ridicularizado no Brasil. Ridículo, na verdade, é tratar o futebol como tratamos por aqui.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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