Julio Gomes

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Fluminense e Cuca: dois exemplos de ingratidão e falta de comprometimento

Para não dizer que passamos pano para clubes ou para técnicos, a segunda-feira foi um dia perfeito para mostrar que dá para as duas pontas agirem com pouco profissionalismo. Cada caso é um caso. Quando acusamos um clube ou um dirigente de amadorismo quando demitem um técnico, isso não quer dizer que aquele mesmo técnico ou qualquer outro não pode fazer algo parecido.

O Fluminense, com Fernando Diniz, e Cuca, com o Athletico-PR mostraram uma impressionante dose de ingratidão, para dizer o mínimo, com os divórcios anunciados entre ontem e hoje.

O Fluminense nunca havia sido campeão da Libertadores da América. Foi capitaneado ao maior título da sua história por Fernando Diniz. Acaba de renovar o contrato do treinador até o fim do ano que vem. Renovou por que? Tinha alguém tentando tirar Diniz do Flu? Diniz ameaçou sair? Nào, nada disso. Renovou - e ampliou a multa em caso de demissão - porque, em teoria, acreditava no trabalho do técnico.

Aí, de repente, algumas derrotas depois... vejam só! Já não acredita mais. É a típica ação de torcedor. Dirigentes, em regra, não são muito mais que isso: torcedores apaixonados que agem com pouca razão, agem como torcedores apaixonados, nada mais. O trabalhou de Diniz ficou ruim? Os treinos mudaram? Ele passou a desrespeitar superiores ou funcionários do clube? Houve algum caso interno que gerasse a demissão? Claro que não. É tudo em função de algumas derrotas.

E aí que se dane tudo o que foi feito no ano passado. Demite-se e pronto. E, claro, paga-se a multa, porque, afinal, o dinheiro não é dos caras mesmo. Ingratidão e falta de profissionalismo.

Como essas coisas geralmente são coisa de dirigente, costumamos ter mais boa vontade com os treinadores. Mas Cuca mostra que tem de tudo mesmo. O cara estava no ostracismo, deixado à margem porque clube nenhum estava querendo o problema que era contratar um sujeito envolvido em um caso de estupro, mesmo que tenha acontecido na Suíça e quase quatro décadas atrás. Cuca conseguiu que sua condenação fosse anulada, mas ainda assim estava sem mercado.

O Athletico-PR, que acreditou e foi atrás dele mesmo quando ainda não havia a anulação, contratou Cuca. Paga tudo em dia, monta um bom time para o treinador. Poderia estar liderando o campeonato, não fossem gols bobos sofridos no fim de três jogos - ou seja, o trabalho estava indo bem, com alguma inconsistência, mas bem. E aí Cuca se manda.

Aquii, faço um PS. A notícia ontem era de que Cuca havia recebido uma proposta do Cruzeiro. Ele negou. Aguardemos.

Trocar o Athletico pelo Cruzeiro, neste momento, já é um negócio discutível. Mas cada um pode ter sua opinião sobre o tema. O que chama a atenção mesmo é a incrível ingratidão de Cuca com o clube que foi lá lhe resgatar.

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O futebol brasileiro não funciona no máximo de seu potencial por vários fatores, são várias razões, de todos os tipos. Mas talvez, no topo de tudo, esteja algo bem simples: pessoas.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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