Julio Gomes

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Inglaterra e França ainda podem levar a taça, mas são as decepções da Euro

Inglaterra e França estão nas oitavas de final da Euro. Entraram no torneio como favoritas. Mas agora já não são mais. Ou melhor, ainda são e é claro que podem ser campeãs, mas, se pegarmos o que dizem os algoritmos das casas de apostas, são tão favoritas quanto Alemanha, Espanha e até Portugal. Isso se dá essencialmente porque não jogaram nada até agora, em nenhum dos três jogos que fizeram na fase de grupos. Somadas, marcaram quatro gols em seis partidas.

A Inglaterra foi especialmente mal. É, entre todas as 24 seleções que competem na Euro, uma das que menos finaliza, das que menos cria chances de gol. É um desastre completo o jogo coletivo inglês, principalmente se olharmos para as individualidades em todos os setores. Será maldição de seleções? O Foden da Inglaterra parece o Vini Jr do Brasil, nada a ver com os jogadores de City e Madrid. O Saka da Inglaterra parece o Raphinha. O Kane da Inglaterra parece o Gabriel Jesus. O Declan Rice parece, vejam só, o Paquetá.

Os caras, todos os citados, são muito melhores nos clubes do que nas seleções. É como se jogassem de calça jeans. Com o freio de mão puxado. OK, há uma explicação plausível, a falta de treinos, entrosamento, automatismos, química. Mas, na boa, não é só isso.

A Inglaterra empatou com a Eslovênia ontem e praticamente não criou chances de gol. Se levasse um ou se a Dinamarca fizesse um gol na outra partida, a Inglaterra enfrentaria a Alemanha nas oitavas de final. Os caras não sabiam disso? Ou não adiantava saber? Antes, haviam empatado com a Dinamarca em um jogo igualmente sem graça. E haviam vencido a Sérvia por 1 a 0, em um jogo em que os sérvios tiveram um pênalti não marcado e mereceram empatar.

Só não dá para dizer que não merecia ser primeira no grupo porque os outros três fizeram jogos igualmente lamentáveis - ainda que a Eslovênia, pelo que tem à disposição, ainda possa receber algum elogio com o heroísmo demonstrado.

A Inglaterra deve enfrentar a Holanda nas oitavas de final - isso só será definido após o jogos de hoje à tarde. Se não for a Holanda, será o 3º lugar do grupo E, uma Eslováquia ou uma Romênia. Passando, terá Itália ou Suíça nas quartas de final. Tudo isso é melhor do que pegar Alemanha, Espanha, Portugal ou a França, algoz dos ingleses na última Copa do Mundo. Mas o pepino não é contra quem vai jogar, é que soluções a Inglaterra terá, se é que terá, para melhorar seu jogo e criar mais chances de gol. Talvez seja melhor enfrentar logo a Holanda e se ver obrigada a subir o nível, trocar peças, saber quem vai dar um passo adiante e levar o time.

Os franceses marcaram incríveis dois gols na fase de grupos: um contra (vitória sobre a Áustria) e um de pênalti, no empate de ontem contra a Polônia, que colocou a França na "chave da morte". Vai enfrentar a segunda do grupo E, que pode ser uma Romênia, mas pode ser a Bélgica. Se passar, deve ter Portugal nas quartas, depois Alemanha ou Espanha na semifinal.

Eu sempre me impressiono com essas coisas. Do jeito que a França jogou com o freio de mão puxado contra a Polônia, parece que Deschamps e companhia não sabiam bem que o empate relegaria a seleção ao segundo lugar do grupo. Griezmann foi poupado e começou no banco, as substituições do segundo tempo foram feitas claramente pensando na sequência do torneio, não no jogo. É claro que o nariz quebrado de Mbappé, que jogará de máscara o resto do torneio, não ajudou. Mas a França ficou devendo demais até agora. Assim como a Inglaterra, fez três jogos ruins.

A França mostra-se muito mais dependente de Mbappé do que parecia. É fato que Mbappé está mais "vivo" no torneio do que, por exemplo, Kane e Bellingham, só para falar da trinca de concorrentes de Vinícius Jr pela Bola de Ouro. Ele pode, sim, resolver as coisas e levar a seleção "Bleu" nas costas. A França, até pelo histórico recente e por saber ser campeã e chegar longe, parece mais perigosa que a Inglaterra, mas se meteu em uma chave em que não haverá margem para jogos meia boca.

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A Eurocopa é equilibrada, mais que a Copa América. As seleções "médias" são recheadas de jogadores que atuam nas grandes ligas e um encaixe de jogos transforma qualquer Áustria em um time difícil de ser batido. Até agora, França e Inglaterra não estiveram à altura do que prometiam. Mas sempre é tempo de virar o jogo. Vem a hora H, quando homens se separam dos meninos.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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