Julio Gomes

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Euro: Espanha x Alemanha promete ser jogaço, Portugal x França, nem tanto

Espanha x Alemanha, Portugal x França. Dois jogos enormes definirão nesta sexta-feira os primeiros semifinalistas da Eurocopa 2024. Todas elas eram candidatas a título antes do torneio começar (junto com a Inglaterra). Umas mais, outras menos, mas este foi, desde sempre, considerado o grupo de melhores seleções da Europa quando a disputa começou. Quatro estão do mesmo lado da chave e só sobrará uma para a decisão.

Muitos dizem que Espanha x Alemanha é uma final antecipada. É lógico que é um exagero brutal falar isso, mas o comentário é justificado pelas boas atuações de ambas - são as seleções que melhor jogaram na Euro até agora, com a companhia, talvez, da Suíça. Vamos lembrar que, no Qatar, fizeram o melhor jogo da fase de grupos, mas sequer estiveram na semifinal da Copa do Mundo. Uma coisa é jogar bem, outra é transformar isso em vitórias.

França e Portugal não jogaram nada bem até agora, mas tem jogadores mais pesados em campo, mais caras que estiveram ao longo dos anos - ou estão - em palcos maiores. Notadamente, claro, temos de citar Cristiano Ronaldo e Mbappé. Passado e futuro. Estamos, no entanto, no presente.

Eu espero um jogão na partida das 13h, entre as maiores campeãs da história da Euro, que fizeram a final de 2008. Não espero muita coisa do jogo das 16h, em que a França sempre levou vantagem, exceto, claro, na final de 2016, quando perdeu de Portugal em pleno Stade de France. São dois jogos em que é muito difícil tirar a vitória de quem abrir o placar. É claro que, em um jogo de futebol, tudo pode acontecer. Mas será muito grande a vantagem de quem sair ganhando. Explico.

Espanha e Alemanha são seleções de posse e fortes na pressão e na contra-pressão. São seleções, no entanto, que podem perder rapidamente a confiança. Este é o ponto principal e vimos acontecer seguidamente nos últimos grandes torneios. A Espanha tem uma marca registrada, joga muito bem o futebol, gosta de dominar o adversário e tem dois pontas de muita qualidade em Nico Williams e Lamine Yamal. Se estiver na frente, sai de baixo. Mas, se ficar atrás no placar, entrarão juventude, inexperiência e falta de espaços em jogo. A Alemanha é menos criativa, mas mais experiente. Foram muitas pancadas desde o tetra em 2014 e tem a pressão de jogar em casa, essas coisas podem pesar se sair atrás no placar.

"São os dois times que jogaram melhor até o momento. No fim, isso será definido a favor de quem lidar melhor com o cenário de estar sem a bola e não entrar em pânico", disse Gundogan, meia da Alemanha, que joga na liga espanhola. Eu ressalto a palavra pânico. Esta é a chave. Quem ficar atrás, possivelmente entrará em pânico em algum momento.

Se confiança pode ser o problema para quem sair atrás no primeiro jogo, o problema para quem sair atrás no segundo jogo será mesmo a dificuldade demonstrada para atacar contra defesas postadas. França e Portugal não souberam romper os muros que encontraram no torneio, mostraram incrível falta de repertório neste cenário. Qualquer time de futebol se sente mais confortável quando tem espaço para atacar, e é óbvio que tais espaços foram negados a elas na Euro.

É enorme a chance de um 0 a 0 moroso, de um jogo lento, encaixado, em que ninguém vai querer arriscar. A única chance de isso se romper é com um gol de alguém. Aí o outro terá de ir para cima e vai ceder os desejados espaços. Mbappé, hoje, é muito mais jogador que Cristiano Ronaldo. Será que isso fará a diferença para a seleção francesa?

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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