Julio Gomes

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OpiniãoEsporte

Espanha na final da Euro consagra trabalho bem feito e futebol corajoso

A Espanha é a primeira finalista da Euro. Ganhou da França por 2 a 1, em Munique, e agora espera para saber se vai pegar Inglaterra ou Holanda na decisão de domingo. É muito justa a classificação da Espanha, que ganhou todos os jogos que fez e aumenta a lista de vítimas: já foram pro vinagre a Croácia, a Itália, a Alemanha e a França, não estamos falando de uma campanha passando por babas.

A França começou o jogo ganhando e a Espanha virou ainda no primeiro tempo, golaços de Yamal e Olmo. O segundo tempo foi todo da França, mas não foi exatamente um massacre. Foi um jogo dominado pelos franceses, a Espanha novamente recuou demais, mas sofreu menos do que havia sofrido contra a Alemanha nas quartas de final. É claro que os franceses tiveram chances, especialmente dois chutes limpos dentro da área, um de Hernández, outro de Mbappé, ambos por cima. Poderiam ter empatado? Sem dúvida. Mas foi o mesmo jogo de pouca inspiração que os Bleus mostraram durante toda a Euro.

O fato é que a Espanha está fazendo o que eu não imaginava que faria. Mostra maturidade, controle emocional, inteligência tática e na escolha de jogadas, tudo o que você não espera de uma equipe jovem.

Todos sabíamos que a Espanha sabia jogar bola. Já vimos em março dar um baile no Brasil no Santiago Bernabéu, mas não conseguiu ganhar o jogo e só empatou porque a arbitragem ajudou. A juventude, afinal, quase sempre passa fatura. Era de se imaginar que a seleção espanhola faria uma grande Euro, o que eu não conseguia visualizar era um time capaz de superar os altos e baixos, as armadilhas que o mata-mata traz.

Bem, talvez não passasse da Alemanha, fosse marcado o pênalti absurdo não marcado após o braço de Cucurella interromper uma finalização em gol. Mas isso é um detalhe no meio de tanta coisa bem feita. A Espanha soube superar a pressão da Alemanha, soube virar o jogo em cima de uma França experiente, soube chegar à final mesmo com desfalques na semi, como Carvajal, Le Normand e Pedri. Soube dar confiança a jogadores jovens, como Lamine Yamal, soube fazer tudo o que vemos uma certa seleção, amarelinha, não fazer.

Tudo isso com um técnico desconhecido, de costas nada largas, mas que fez grandes trabalhos na base. Aí está o segredo espanhol. Tem base, tem planejamento, tem gestão, tem filosofia. Tudo isso desemboca em uma seleção absoluta criativa e confiante. A Espanha é a melhor da Europa hoje. Falta só o título.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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