James é o melhor jogador do São Paulo, mas repetir fórmula é impossível
James Rodríguez é o melhor jogador da Copa América, independente do que aconteça na final e para onde vá a taça. O torneio norte-americano marcou o renascimento de um jogador que já brilhou em Copa do Mundo e jogou no Real Madrid e no Bayern de Munique. Não estamos falando do Maritraca Futebol Clube, mas de dois dos maiores da Europa e do mundo.
Os são-paulinos estão bravos com ele. Por que James "deu migué" neste quase um ano de São Paulo? Usou o clube para se preparar para os jogos da seleção? Está "roubando" o São Paulo?
O fato, a dolorida verdade, é que James Rodríguez é o melhor jogador de futebol do elenco do São Paulo. Sim, melhor que Luciano. Sim, melhor que Lucas. Sim, melhor que Calleri. Basta olhar para a carreira de cada um deles. Não são os jogadores que gostam de perguntar "chupou laranja com quem"? James chupou laranja com uma galera aí de nível. Outros não passaram nem perto de ter a carreira que ele teve.
Mas James sempre foi estrelinha. Sempre. É o típico jogador que precisa ser bajulado, se sentir o mais importante de todos, para entregar o máximo que pode dar. Ele não precisa necessariamente que o time jogue por ele, mas ele precisa sentir que o time joga por ele. E é assim que ele se sente na Colômbia. Por isso, funciona.
Classificação e jogos
Vamos lembrar que a Colômbia não esteve na última Copa, a de 2022. Durante o processo das eliminatórias, Reinaldo Rueda, então treinador, deixou de convocar James - que entrou em um claro declínio na carreira após a pandemia, passando sem muitas glórias pelo Everton, da Inglaterra, por Qatar e Grécia. Talvez Rueda não quisesse um jogador "prima donna" na seleção. Sem ele, no entanto, a Colômbia sucumbiu nas eliminatórias.
Nestor Lorenzo, o atual treinador, que comandou o time em quase todas as 28 partidas de invencibilidade da Colômbia (são quase dois anos e meio sem perder), resolveu trazer James de volta. E, de alguma maneira, criou o ambiente que ele precisa. Vendo a Colômbia em campo, não é exatamente que o time jogue só por ele, como faz a Argentina com Messi. Só que James se sente assim, e isso basta. Com o talento que tem, sua participação no jogo de criação e a capacidade nas bolas paradas mais do que suprem uma falta de intensidade defensiva - que não tem sido nula, diga-se.
Muito bem, voltamos ao São Paulo. Talvez um dos grandes problemas para o casamento dar certo foi o fato de James ter chegado sem poder jogar de cara e, enquanto ele tentava entrar em forma e no ritmo, o São Paulo ganhou o inédito título da Copa do Brasil. Vocês sabem como é o futebol e, se não sabem, eu conto. Por que raios jogadores vão "correr por James", um gringo estrelinha que acaba de chegar, se eles não precisaram do colombiano para serem campeões? Ele que corra e ganhe o espaço dele, oras bolas!
Não havia condições para que o São Paulo fizesse James se sentir o centro do universo. Para piorar tudo, saiu Dorival e entrou um novato, Thiago Carpini. Depois, um cara de personalidade forte, Zubeldía. Foram se dando cada vez menos as condições para que James se sentisse à vontade e importante. Tem mais: eu disse e repito, James é melhor jogador (sempre foi e sempre será) do que Calleri (me desculpem os apaixonados), Lucas e Luciano. Mas o fato é que esses três caras têm história no São Paulo, construíram história e idolatria, então é difícil mesmo pedir que eles, digamos, corram por um cara que acabou de chegar. Podia ser o Pelé! Não é assim que jogadores funcionam.
Isso tudo me faz pensar que o erro original é ter contratado James Rodríguez. Com ou sem título de Copa do Brasil, em um clube grande como o São Paulo e com um elenco de jogadores importantes e lista de serviços prestados ao clube, seria difícil fazer a magia acontecer. Hoje, parece impossível. O James da Colômbia não existe aqui. Porque as condições não existem. E porque não há como criá-las. Não há como repetir a fórmula que dá certo na seleção.
Eu não critico o São Paulo por não desafiar os líderes do elenco, não forçar a barra. Eu não acho mesmo decisão fácil. Critico por, repito, ter contratado e pagar um caro por um sujeito que todos conhecíamos antes.
James tinha curriculum e histórico. Que ele não ia dar certo no São Paulo era tragédia anunciada. Que ele ia arrebentar na Colômbia nesta Copa América, era sucesso anunciado. Estava na cara. Agora, o São Paulo que trate de arrumar um lugar para ele na MLS. Insistir por aqui é dar murro em ponta de faca, por mais frustrante que isso seja.
O São Paulo não tem um jogador como James no elenco. E continuará não tendo, mesmo que ele esteja lá. O James da Colômbia é só da Colômbia.
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