Julio Gomes

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La Liga começa com Real Madrid ultrafavorito e classe média em crise

O futebol espanhol vive um momento sublime. O Real Madrid é campeão da Champions League, a seleção espanhola é campeã da Eurocopa, a sub-23 é medalha de ouro olímpica. Mas La Liga...

Começa nesta quinta-feira o campeonato do "país do futebol". E ele começa com um problema crônico: a enorme previsibilidade quando se trata da parte alta da tabela. É daquelas ligas em que, exceto um ou outro, é todo mundo candidato a rebaixamento. Por mais rentável e bem organizado que seja o campeonato, sempre na esteira de Real Madrid e Barcelona, ele ficou muito para trás da Premier League em termos de contratações e competitividade. Os times médios da Espanha não conseguem competir com os ingleses por contratações, perdem jogadores, trazem poucos e parecem fadados a viver das migalhas.

O Real Madrid começa a caminhada rumo ao bicampeonato com uma considerável margem de favoritismo. Se virou na temporada passada sem Benzema e, apesar de perder agora Kroos, agrega ao elenco simplesmente Mbappé. A não ser que haja algum tipo de autodestruição, o que não costuma acontecer no Real Madrid, a temporada doméstica promete ser um passeio. Tanto que Endrick poderá ter chances e minutos mais para a frente, se a vantagem na tabela for construída.

Se for campeão, será o terceiro título de La Liga em quatro anos. Um domínio que o clube não exerce na Espanha desde o pentacampeonato da "Quinta del Buitre", liderado por Butragueño, entre 1985 e 1990. É isso mesmo, o Real não costuma ser tão dominante dentro de casa como é na Europa.

O Barcelona pós-Messi é um desastre completo. O elenco tem nomes e talento, mas o projeto esportivo acaba sendo ofuscado pelos sérios problemas financeiros causados por anos e anos de gestões picaretas. O Barça tem Lamine Yamal, contratou Olmo (pagando caro, após a alta da Euro), tem caras como Gundogan, Raphinha, Lewandowski, mas o mesmo Barça não consegue lidar com uma situação como a de Vítor Roque e simplesmente abrirá mão do talento. O clube ainda tem a esperança de trazer Nico Williams até o fim da janela de transferências, que fecha no fim do mês, mas a possibilidade parece cada vez mais remota. Rafael Leão, do Milan, seria o plano B.

Venha quem vier, a grande questão é saber como será o trabalho de Hansi Flick, o alemão que era o sub de Joachim Low, não foi bem como "titular" na seleção da Alemanha e agora substituiu Xavi no banco de reservas. Uma baita aposta do Barcelona.

O Atlético de Madrid já tinha pinta de candidato a ser mais adversário do Real Madrid do que o Barça. Mas isso já aconteceu várias vezes nestes 13 anos de "era Simeone" e acabou não se confirmando, pois o Atleti sempre encontra mil maneiras de deixar pontos pelo caminho, principalmente no começo do campeonato. De todas as maneiras, não dá para ignorar as três contratações caras e importantes feitas pelo outro time da capital. Chegaram Le Normand, o zagueiro francês da Real Sociedad que tirou nacionalidade espanhola e foi titular na campanha vitoriosa da Euro; o norueguês Sorloth, de 28 anos, que foi vice-artilheiro da temporada passada com o Villarreal; e, claro, Julián Álvarez, titular da seleção argentina, que ficou de saco cheio de esquentar o banco no Manchester City.

Sorloth é um cara de 1,95m, que já rodou por muitas praças e é o típico centroavantão que Simeone vai tentar explorar para ganhar jogos. Pode dar certo, pode ser um fiasco estético. Álvarez, no entanto, é um reforço de peso e pode acabar a temporada com 20 gols na conta tranquilamente. A dificuldade do Atlético é colocar em campo a cada jogo a mesma urgência que coloca quando joga aquelas épicas partidas de mata-mata da Champions League. Na temporada passada, acabou em quarto lugar, atrás do Girona. Neste ano, tem, de novo, condições de brigar nas cabeças com o Real Madrid, mas é fundamental começar a temporada com o pé no acelerador, senão será a história de sempre.

O Girona, sensação da temporada passada, dificilmente repetirá o conto de fadas e terá dificuldades para levar La Liga e Champions League ao mesmo tempo. A filial do City perdeu os melhores jogadores. O artilheiro ucraniano Dovbyk foi para a Roma, Aleix Garcia foi vendido ao Bayer Leverkusen, e jogadores como Savinho, Yan Couto, Eric Garcia e Pablo Torre foram embora com o fim do empréstimo. É muita gente boa saindo, e o nível cairá.

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Os times bascos são mais fortes que o Girona na busca pelo G4 da temporada. O Athletic parece que conseguirá manter Nico Williams, sensação da Euro, tem o goleiro campeão com a Espanha, Unai Simón, e tem um treinador bom, pragmático e conhecedor da casa, Ernesto Valverde. Não vai encher os olhos de ninguém, mas será competitivo. A Real Sociedad perdeu Le Normand, mas manteve alguns dos heróis da Euro, Oyarzábal e Merino, além da base de sucesso nas mãos do técnico Imanol. São clubes com identidade, e aposto neles para acabarem em quarto ou quinto, a questão é saber quem chegará à frente.

Fora isso, clubes como Sevilla, Bétis, Valencia ou Villarreal fizeram contratações para lá de modestas. Tirando os três grandes, os dois bascos e o Girona, a verdade verdadeira é que todo mundo é candidato a rebaixamento na Espanha. É a realidade do país do futebol. Athletic Bilbao x Getafe, às 14h, e Bétis x Girona, às 16h30, são os jogos que abrem La Liga nesta quinta-feira.

PROGNÓSTICOS DO JULIO GOMES:
Campeão: Real Madrid com 98 pontos
Vice: Atlético de Madrid
Na Champions: Barcelona e Athletic Bilbao
Na Europa League: Real Sociedad e Bétis
Rebaixados: Leganés, Las Palmas e Getafe
Artilheiro: Mbappé, com 38 gols

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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