Julio Gomes

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Palmeiras silencia. Menos vitimismo e mais responsabilidade!

O Palmeiras decidiu não se pronunciar após a vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo. Não falaram Abel Ferreira, jogadores ou dirigentes. Também não vai falar o gandula que iniciou toda a confusão em campo. É patético. É uma pena que um dos clubes mais importantes e vitoriosos do nosso futebol tenha se transformado em um poço de vitimismo e teorias conspiratórias.

Vamos à nota palmeirense: "Em função das tristes cenas ocorridas após o jogo, potencializadas por mais uma arbitragem desastrosa, e para evitar que o clima de hostilidade iniciado dentro de campo se estenda para fora das quatro linhas, a direção do Palmeiras decidiu que seu treinador e seus atletas não darão entrevistas neste domingo."

Ou seja, o Palmeiras ainda aproveita para insinuar que a culpa por tudo o que aconteceu após o apito final é culpa da arbitragem, e não do mau comportamento de jogadores e do gandula barbudinho.

O clima para as arbitragens em jogos do Palmeiras é impossível. Porque Abel Ferreira pressiona o jogo inteiro, é um dos profissionais mais chatos que o esporte já viu. E, claro, como eles são inteligentes, Abel evita algumas expulsões deixando as reclamações e xingamentos para os seus auxiliares. Hoje foi o dia de João Martins, aquele mesmo do "não nos deixarão ser campeões", dar piti e ser expulso. Tenho muita curiosidade sobre como eles se comportarão quando voltarem para a Europa.

Houve lances difíceis para a arbitragem neste clássico de domingo. O Palmeiras teve um gol anulado em que Raphael Claus, pelo sistema de som, alegou impedimento por interferência de López no lance - chute de Lázaro, falha de Rafael, que em nada foi atrapalhado pelo atacante argentino. Eu, assim como os torcedores palmeirenses, discordo completamente desta interpretação. Porém, o mesmo lance nasce de uma falta claríssima de Felipe Anderson sobre Alan Franco. Se não houvesse interferência, haveria a marcação da falta, que o VAR também mostrou para Claus. Portanto, acerto da arbitragem por linhas tortas.

O outro lance polêmico foi um possível pênalti de Lucas, em uma cobrança de falta na área bloqueada pelo jogador são-paulino. Foi braço? Não foi? Estava colado no corpo? Não consegui ver uma imagem conclusiva. É pura interpretação. Lance difícil para a arbitragem, como difíceis são as decisões dos técnicos de usar ou não usar titulares, como difíceis são as ações dos jogadores no campo.

Fácil mesmo é ficar falando que as arbitragens só prejudicam o seu time, só beneficiam os outros. Isso é fácil. Viver em teorias conspiratórias, alimentá-las, criar no torcedor a ideia de "contra tudo e contra todos". Isso é bastante fácil.

Se Claus quisesse prejudicar o Palmeiras, ele teria dado amarelo para Luciano pela comemoração? Se Claus quisesse prejudicar o Palmeiras, teria dado 11 minutos de acréscimos, que se transformaram em mais do que 11 - tempo suficiente para o Palmeiras fazer o gol da vitória?

É ridículo o Palmeiras colocar na arbitragem a culpa pela confusão. Luciano, um jogador que sofre de falta de inteligência e excesso de espírito provocador quando faz gols, não precisava ter comemorado como comemorou. Mas existe punição para isso, e ele levou amarelo. Não cabe ao adversário ficar indignado e querer tirar satisfações. E quem, pela imagem, claramente ficou irritadinho foi o gandula do Palmeiras ali perto da bandeira de escanteio. Ele voltaria à tona, segundo versão dos são-paulinos, xingando os jogadores após o apito final. Eu não duvido nada. E, como o Palmeiras não fala, fico com a versão de quem fala.

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Mesmo com o gandula provocador, não cabia aos jogadores do São Paulo ir para cima deles. Não cabia aos jogadores do Palmeiras irem para cima dos são-paulinos, protegidos por um punhado de seguranças. Não cabe a jogadores de futebol serem machões.

Abel Ferreira deveria falar, sim, sobre o jogo, sobre como seu time foi incapaz de abrir um placar confortável contra o São Paulo reserva, sobre como permitiu ao adversário voltar para a partida e quase vencê-la, sobre como teve força para buscar a vitória com um a mais nos acréscimos. Zé Rafael deveria falar, sim, sobre por que foi lá para o meio da confusão, empurrou adversário pelas costas, deu e levou sopapos. E a diretoria do Palmeiras deveria se pronunciar, sim, sobre as atitudes de seus funcionários em campo.

Menos vitimismo, mais responsabilidade.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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