Julio Gomes

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Convocação de Estêvão para a seleção brasileira é prematura, mas necessária

Dorival Jr convocou Estêvão para a seleção brasileira, para os jogos contra Equador e Paraguai, pelas eliminatórias da Copa do Mundo. É uma grande notícia.

Aqui não se trata de messianismo e de encontrar o próximo craque, o próximo jogador que será o responsável por levar a seleção nas costas. Esse conceito equivocado contribui para que a seleção tenha tido tão pouco sucesso recente. Basta dar uma olhada para o universo do futebol, clubes ou seleção, para compreender que o jogo é cada vez mais coletivo, cada vez menos dependente de individualidades. Também fácil de observar como jogadores jovens estão sendo utilizados cada vez mais cedo.

Estêvão está preparado para ser parte de um time campeão do mundo? Ninguém sabe. Assim como ninguém sabia sobre Lamine Yamal antes da Eurocopa. O que esses meninos estão é preparados para jogar bola. Para se divertir com o futebol.

A impressão que eu tenho é que a seleção brasileira de alguma forma não tira desses caras o que eles têm de melhor. Eles nascem, crescem, treinam, jogam pensando em seleção brasileira. Aí, quando chegam lá, entram numa dinâmica meio esquisita. De status social e futebolístico, de resenhas, redes sociais, de conexões entre eles que passam por tudo, menos pelo tal futebol. É como se estar no clube fosse um ambiente de obrigações, treinamentos, pressão diária, enquanto na seleção seja um encontro entre amigos.

Aí, quando chega a hora do campo, cai a ficha. E é tanta missão tática, tanta responsabilidade, tanto peso, estão pensando em tantas pessoas e eventos que se esquecem do principal: a essência da vida deles. Jogar bola.

Talvez seja isso que faça com que treinadores queiram cada vez mais os jovens. A turma que está preocupada (ainda) só com o jogo, com a bola. Ganhar por diversão, não por obrigação.

No ataque, em relação à Copa América (quando eram 26 convocados), Dorival troca Raphinha, Martinelli, Pepê e Evanilson por Estevão, Luiz Henrique e Pedro. É claro que estamos falando aqui de olhar para dentro, de gerar empatia por parte das pessoas. Ninguém sabe o que Evanilson estava fazendo no Porto, mas estão vendo Luiz Henrique botar o Brasileirão no bolso. Isso é importante para a seleção brasileira. No meio de campo, o movimento é o mesmo: saem Andreas Pereira, Douglas Luiz e Éderson, voltam André e Gerson. No sistema defensivo, os nomes são praticamente os mesmos.

Dorival teve ter gostado dos treinamentos na Copa América, mas deve ter considerado que, na hora H, com bola rolando, do meio para frente faltou algo para o time. E faltou mesmo. Ele tenta achar as soluções em casa e na juventude. Pode parecer cedo e prematuro. O moleque está arrebentando. Eu acho necessário. É justo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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