Tite tinha razão? Cariocas dão baile nos paulistas na reta final do ano
E agora, o que falar de Tite? De repente, se olharmos para a situação do futebol brasileiro nesta reta final de temporada, vemos que os clubes cariocas estão mesmo bastante à frente dos paulistas.
Na Copa Libertadores da América, três times da mesma cidade estão pela primeira vez juntos nas quartas de final - Flamengo, Fluminense e Botafogo. Na Copa do Brasil, são dois cariocas na semifinais, Flamengo e Vasco. Ou seja, ao contrário do que vimos em anos recentes do futebol brasileiro, são os quatro grandes do Rio, e não os quatro grandes de São Paulo, que ocupam uma posição de destaque na temporada.
Vamos lembrar que lá no começo do ano Tite disse que o Campeonato Carioca era mais forte do que o Paulista. Foi massacrado, inclusive por mim, e acho mesmo que o Campeonato Carioca não é mais forte do que o Paulista. Mas depois Tite retificou e disse que estava se referindo aos quatro grandes apenas. Agora, somos obrigados a lhe dar razão. E com um detalhe curioso: quando Tite elogiou a concorrência, ele falava do Fluminense de Fernando Diniz, do Vasco de Ramon Díaz, que havia mostrado grande poder de recuperação na reta final do Brasileirão do ano passado, e de um Botafogo que havia quase sido campeão.
Hoje, esses três times estão completamente diferentes, se reinventaram e, ainda assim, estão fortes. O Fluminense não é mais de Diniz, é de Mano Menezes. Não joga mais tão pra frente, mas segue com bom material humano e readquiriu competitividade. O Vasco demitiu Ramon Díaz, saiu das mãos das 777 e, como num passe de mágica, se encontrou com o interino que já não é mais tão interino, Rafael Paiva, e com Pedrinho na presidência. Já o Botafogo contratou um monte de gente, acertou a mão no técnico e é, no meu ponto de vista, o favorito a ficar com o título brasileiro de 2024.
Classificação e jogos
O outro lado da moeda é o futebol de São Paulo. O Santos é o que está em pior situação, logicamente, sofrendo na Série B e com grandes problemas financeiros. O Palmeiras segue inegavelmente competitivo e ainda com alguma esperança no Brasileiro, mas está fora das Copas. O São Paulo jogará a temporada contra o Botafogo na Libertadores. Pode, por que não, ver 2024 acabar semana que vem se tomar uma piaba no Nilton Santos. O Corinthians vive um dos anos mais catastróficos da sua história e ainda corre risco de rebaixamento do Brasileirão. Sim, recebeu reforços e está na semifinal da Copa do Brasil.
Mas, se olharmos para o confronto entre Corinthians e Flamengo, não há como não colocar o time carioca como franco favorito a passar para a final da Copa do Brasil. E mesmo no confronto entre Botafogo e São Paulo, pela Libertadores, por mais que haja equilíbrio, é consenso que o Botafogo tem mais time.
Ou seja, Tite tinha total razão. Os quatro grandes do Rio de Janeiro estão vivíssimos na temporada, enquanto os quatro grandes de São Paulo vivem tentando resolver problemas. O ano pode acabar com títulos importantes para os cariocas e só o Paulistinha para os paulistas. Sempre é bom lembrar que, quando falamos dos outros times de cada Estado, não há sequer comparação. São Paulo tem um futebol mais forte, rico e organizado e possivelmente terá dois ou três novos times na Série A do ano que vem. Já o futebol do resto do Estado do Rio de Janeiro é absolutamente irrelevante.
Mas, se estamos falando só dos quatro grandes, é preciso perguntar por que isso está acontecendo. É necessário, sim, tentar entender se estamos diante de uma temporada aleatória ou uma tendência. São Paulo e Corinthians têm muito mais potencial financeiro e receitas orgânicas do que Vasco, Fluminense e Botafogo. Fica sempre a impressão de que esses dois clubes serão os grandes rivais de Flamengo e Palmeiras pelos principais títulos quando conseguirem equacionar seus problemas financeiros. Só que esse dia não chega nunca e não há perspectivas de São Paulo e Corinthians serem vendidos para terceiros, como Vasco e Botafogo foram para simplesmente salvar a própria existência .
A SAF do Vasco não é um caso de sucesso e há muitas dúvidas sobre se o momento atual é consistente ou circunstancial. Já no Botafogo a coisa é diferente. Não é só o dinheiro do Textor, foi montada uma grande equipe de trabalho, que está conseguindo construir coisas boas com os recursos que tem em mãos. O Fluminense, esse sim de forma orgânica, entendeu a sua vocação de formação de formador de jogadores e está bem posicionado.
Não sabemos o que será do futebol brasileiro no futuro. Se o tal fair play financeiro será implementado para segurar as SAFs ou se as SAFs com donos injetando dinheiro de forma artificial serão mesmo a resposta dos grandes clubes da nossa história que ficaram para trás de outros grandes que se organizaram melhor financeiramente - notadamente, Flamengo e Palmeiras.
O futuro está por vir, mas no presente, de fato, o futebol dos grandes do Rio é superior ao dos grandes de São Paulo. Tite já tinha avisado.
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