Julio Gomes

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Gestão do Flamengo é marcada por populismo e incompetência, não por títulos

Dinheiro não é tudo na vida, já diria o outro. Tem gente que não sabe o que fazer com ele. Falamos muito de indivíduos, o pobre que vira rico de um dia para o outro, o jovem que ganha uma bolada e fica deslumbrado. Mas também tem (muito) rico que, nadando na fartura, não sabe bem o que fazer com ela. Considera-se o rei do pedaço, o sabe tudo, o pode tudo, e vai pisando na bola, uma e outra vez. Para sorte dele, muitas vezes é tanto dinheiro que os erros passam batidos. Ou, muitas outras vezes, o dinheiro não é exatamente do milionário incompetente. É dinheiro público. Ou dinheiro de um clube de futebol, que é quase público.

O que a gestão Landim-Braz fez com o dinheiro do Flamengo é de uma irresponsabilidade tremenda. E ainda acabarão o segundo triênio de gestão arrotando uma lista de títulos que, de fato, o clube nunca teve em tal período de tempo - mas tampouco teve tal superioridade financeira, em um cenário inédito no futebol brasileiro.

A demissão de Tite é apenas mais um capítulo dessa história de homens que não entendem nada de futebol, querendo posar como sabichões. Não passam de populistas. Covardes, talvez seja a melhor palavra. Se a "magnética" se manifesta no Maracanã, quem sou eu para desafiar a sabedoria popular? Contratam mal, demitem mal. E está tudo bem, porque o dinheiro não é deles mesmo. O dinheiro particular deles, eles ganham usando o Flamengo para outros fins - como conseguir cargos públicos. E esse é bem cuidado, podem ter certeza.

A torcida do Flamengo tem hoje vozes que vão além do que se ouve na arquibancada. São redes sociais fortes, em que a corneta soa livremente, sem qualquer tipo de comprometimento com a análise fria e de várias camadas. A vitória de ontem ou a derrota de anteontem pautam o humor dos "influenciadores". E, olha, estou para ver lugar em que influenciadores influenciem tanto e justifiquem mesmo a alcunha.

O trabalho de Tite não estava em bom momento. Houve uma falha de planejamento no uso de jogadores e nas contratações ao longo do ano. Culpa de Tite ou da diretoria? Infelizmente, todos os técnicos demitidos do Flamengo saem quietinhos, sem falar muito sobre os desmandos internos. Então não sabemos bem se foi Tite ou Braz ou ambos que decidiram usar tantos titulares no Carioca, não contratar um reserva para Pedro, fazer uma janela em cima do laço...

Não consigo chamar nenhum trabalho de ótimo ou péssimo no Flamengo. Porque nenhum deles é concluído. Ganhando ou perdendo, na primeira mudança de humor... rua. E, claro, para a conta deles vão as multas que irresponsavelmente os dirigentes pagam - com o dinheiro que o clube arrecada e nada tem a ver com a competência financeira dos dirigentes.

O Marcos Braz pode bater e morder a virilha de torcedor, este não é demitido. Mas o treinador não pode ter uma sequência ruim. Foi assim que banda tocou por seis anos.

Com todo o dinheiro à disposição, o Flamengo ganhou um Brasileiro de forma incrível no primeiro ano. Ganhou o segundo só porque outros cinco time não "quiseram" ganhar. E depois passou quatro temporadas sem passar nem perto de ganhar outro título nacional. Meio que no susto, ganhou Libertadores e Copa do Brasil com Dorival Jr - que, claro, foi demitido porque o pessoal ficou de mau humor com os jogos finais do Brasileiro.

Tite é péssimo. Dorival também. Rogério Ceni, Renato, Vítor Pereira. São todos horrorosos. Não sabem nada de futebol. Quem sabe é o influenciador estridente. Quem sabe é o cartola.

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A gestão Landim-Braz não fica marcada pelos títulos. Fica marcada pelo populismo e pela ausência de um projeto esportivo sólido.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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