Julio Gomes

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Respiro na tabela permite que Dorival teste a mudança que a seleção precisa

A seleção brasileira venceu o Peru por 4 a 0. Há de se comemorar. Porque se no passado goleadas e vitórias eram uma constante na vida da seleção brasileira, hoje em dia as coisas deram uma bela de uma mudada. Então não importa muito se foram dois gols de pênalti ou se o jogo ofensivo voltou a se mostrar empacado diante de uma parede. A seleção estava com a faca no pescoço nas eliminatórias para a Copa do Mundo e deu uma respirada com as vitórias "obrigatórias" contra os dois piores times da competição, Chile e Peru.

Agora, vem uma dobradinha que, exatamente um ano atrás, colocou o trabalho de Fernando Diniz em cheque. Foram péssimas partidas contra Venezuela, em Cuiabá, e Uruguai, em Montevidéu, que fizeram muita gente duvidar do processo que apenas se iniciava. Dorival Jr vai comandar a seleção em novembro na Venezuela e em Salvador, recebendo o Uruguai. Duas seleções que caíram em um ano.

O Uruguai possivelmente demitirá Marcelo Bielsa, após a explosão dos problemas extra-campo entre o treinador argentino e o grupo de jogadores da seleção celeste. Seja pelo relacionamento conturbado ou não, o Uruguai não venceu nenhum de seus últimos oito jogos e sequer fez um gol nas dobradinhas de partidas de setembro e outubro pelas eliminatórias. A Venezuela fez um jogo decente contra a Argentina na semana passada, mas também vê o sonho de uma Copa do Mundo inédita ameaçado pela sequência que resultou em apenas dois pontos ganhos dos últimos 12 disputados.

Ou seja, são mais duas partidas para o Brasil ganhar. E praticamente sacramentar a vaga na Copa de 2026. É muito provável que Dorival Jr dê sequência ao time que atuou contra Chile e Peru - se for possível, claro, já que lesões no futebol não são algo previsível.

Se Vinícius Jr estiver recuperado, talvez sobre para Rodrygo, já que Raphinha mandou bem como um meio campista. Na ponta direita, Luiz Henrique pede passagem, apesar de Savinho ter sido titular. No meio de campo, ficará a dúvida com a possibilidade de retorno de Paquetá.

Agora, o grande pepino que continua está nas laterais. Vânderson precisou ser mais um terceiro zagueiro, como fazia Danilo, do que propriamente um lateral contra o Peru. Nem ele nem Abner já adquiriram o peso necessário para que as posições sejam consideradas "caso resolvido".

O fato continua o mesmo: o Brasil não tem grandes laterais, mas tem grandes zagueiros. E tem meias e, principalmente, pontas perfeitamente capazes de ocupar o lado do campo e interagir com outros atacantes. Já passou da hora de o Brasil ter uma sequência de quatro, cinco, dez jogos com três zagueiros e um sistema tático diferente, com jogadores de origem nas posições corretas e algumas adaptações nas alas. Essa é a mudança que o time precisa, mais do que a troca deste ou aquele no time titular.

Não acho que Dorival fará os testes contra Venezuela e Uruguai. Mas deveria. Já ganhou o devido respiro na tabela e os dois adversários estão prontinhos para servirem de ótimos sparrings.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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