Julio Gomes

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Torcida adere a SAF para Lusa, mas oposição tenta barrar com fake news

Fake news. Por definição, a distribuição de notícias falsas, desinformação ou boatos através de meios de comunicação de massa - hoje em dia, as redes sociais e aplicativos de comunicação via celular, como o WhatsApp, são os principais canais para a disseminação.

O uso de fake news já virou o modus operandis em qualquer eleição ou votação, seja para presidente da República, para síndico ou então na Portuguesa de Desportos, cujos Conselhos votarão nesta semana pela transformação (ou não) do clube em SAF. Desde o anúncio e da marcação da reunião do Conselho Deliberativo para quinta-feira, a empolgação e a esperança de tempos melhores pela maioria esmagadora da torcida se misturaram com outro tipo de coisa. Começaram aparecer por grupos de torcedores e conselheiros da Portuguesa muitas notícias falsas - ou até dúvidas legítimas, mas cujas respostas às vezes beiram o absurdo.

São três as principais: 1) a informação (falsa) de que o atual presidente do clube, Antonio Castanheira, seria o CEO da nova SAF da Portuguesa, ou seja, continuaria no comando; 2) dúvidas sobre mudanças de nome, cores e até a cidade da Portuguesa; 3) a principal notícia falsa: conselheiros seriam responsabilizados financeiramente caso a SAF "dê errado", tendo seus bens confiscados para pagar as dívidas da Portuguesa.

A terceira da lista é a principal e a mais fácil de ser contestada. Oras, por que então os conselheiros não têm seus bens confiscados HOJE, já que o clube tem uma dívida estimada de 550 milhões de reais e vive às voltas com penhoras de rendas, leilão do Canindé, etc?

Pela simples razão de conselheiros não serem os donos da Portuguesa. Se a SAF passar, o grupo que pretende comprar a operação de futebol do clube (Tauá, com avais bancários da XP) tem a obrigação contratual de renegociar e quitar todas as dívidas do clube. Se a SAF "der errado", o prejuízo será dos investidores.

A Tauá Partners, empresa do grupo especializada em gestão, reestruturação de empresas e recuperação judicial, será a responsável pela renegociação das dívidas com todos os credores do clube. Após a renegociação, apresentará na Justiça um plano de recuperação judicial do qual faz parte o pagamento dos débitos. Após a aceitação da proposta, a Tauá assume integralmente o pagamento das dívidas e pendências. É o que disse a empresa a esta coluna.

Importante ressaltar que representantes dos investidores estarão presentes para responder dúvidas do Conselho na quinta-feira, no Canindé. A Leões da Fabulosa, torcida organizada histórica da Portuguesa, já se manifestou publicamente favorável à concretização do negócio e convocou os torcedores para comparecerem ao clube na quinta-feira e pressionarem os conselheiros. A votação, por sinal, será aberta e nominal.

O segundo item (dos que citei acima), uma dúvida legítima de muitos torcedores, está também previsto na proposta - esta coluna teve acesso ao contrato. A Portuguesa seguirá dona de 20% do futebol e terá um membro indicado por ela no Comitê Administrativo. Não são permitidas mudanças de nome, cores, escudo ou cidade sem a aprovação da Portuguesa, que terá poder de veto.

Por fim, a permanência de Castanheira é a típica fake news para "atrelar" a SAF ao presidente, ou seja, a um grupo político, e "desatrelar" o negócio como um benefício geral para o clube.

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Castanheira pode, sim, ser o CEO da nova SAF. Assim como eu ou você que está lendo. Quem escolherá o líder será o investidor, ou seja, a Tauá, e não há planos, indicadores ou qualquer fumaça que indique que Castanheira será o escolhido. Não é o plano dos investidores, longe disso. O atual presidente seguiria sendo presidente do clube social, com eleições a serem realizadas daqui a um ano.

As fake news são uma tática tão intensa e recorrente que já parece antiga. Muitas pessoas dentro da Portuguesa estão incomodadas, vão perder as boquinhas, o poder, a influência. A SAF é uma realidade, uma proposta condizente com o que o investidor precisa e que a Portuguesa precisa para seguir existindo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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