Julio Gomes

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Verstappen ganha seu título mais merecido, mas deve às amareladas de Norris

Max Verstappen é campeão mundial de Fórmula 1. Ou melhor, tetracampeão. Consegue algo que só monstros como Michael Schumacher, Lewis Hamilton, Juan Manuel Fangio, Alain Prost e Sebastian Vettel atingiram. De todos os títulos do holandês, este foi o mais merecido. Lembrou muito o tri de Senna, em 1991, quando começou o ano com o melhor carro e depois foi só segurando a Williams de Mansell e administrando a vantagem.

Porque o primeiro título de Max, depois de uma temporada maravilhosa contra Lewis Hamilton, acabou de um jeito para lá de contestável. A FIA escolheu o jovem holandês para ser campeão. Os dois seguintes vieram na esteira da queda da Mercedes e de um carro da Red Bull muito acima dos outros. Já o deste ano foi diferente. Quanto teve o melhor carro, Verstappen passeou e ganhou quatro das primeiras corridas.

A partir de Miami, o sexto GP, a McLaren já mostrou que seria o carro dominante. Ainda assim, com as coisas equilibradas, Verstappen ganhou mais três - ou seja, foram sete vitórias nas dez primeiras provas, além de sete poles nas sete primeiras. À essa altura, Lando Norris já pilotava o melhor carro do grid. E começaram as amareladas do inglês.

Nas primeiras 19 corridas da temporada, Norris foi o único piloto do grid - repito, o único - a não ganhar uma posição sequer na primeira volta de cada GP. E perdeu 29 posições. Ao contrário de Vettel, conhecido por ganhar sempre que largava na pole, Norris saiu na frente sete vezes na temporada e ganhou apenas duas destas provas.

Depois, a Ferrari alcançou a McLaren. A Red Bull passou a ser o terceiro melhor carro do grid e, dependendo da prova, como foi a desta madrugada, em Las Vegas, a Red Bull era inferior até do que a Mercedes. Com as coisas deste jeito, Verstappen foi dando um jeito de se manter no topo, beliscando um pódio aqui, uma posição intermediária ali. Teve o mérito de nunca se desesperar e sempre seguir botando pressão em Norris. E sacramentou o título com uma corrida épica em Interlagos - a sorte sorriu para ele, mas a sorte só sorri para quem não erra e se mantém nas disputas.

Norris ficou quietinho depois de, no GP da Áustria, Verstappen tirá-lo da prova de forma inaceitável. Ficou quietinho e deu a vitória a Piastri na Hungria. Ficou quietinho quando o próprio Piastri arruinou sua prova em Monza. Norris mostrou que não tem o espírito de campeão, aquele espírito que, vamos falar o português claro, muitas vezes se confunde com o mau-caratismo.

Max é tão "dick vigarista" na pista quanto tantos outros campeões da história da F-1. É a característica em comum entre vários gênios deste esporte específico. Já Norris é bonzinho e respeitoso. Esse mundo não é feito para esses caras. Foi uma temporada em que, apesar do início de Verstappen, Norris teve toda a chance do mundo para ser campeão e não soube agarrar.

Se não melhorar nas largadas, será engolido por Piastri no ano que vem. A McLaren já sacou que o australiano tem mais faca nos dentes do que o inglês.

Um ano que vem que tem Hamilton na Ferrari e que terá um brasileiro no grid. Não dá para prever muita coisa. Mas Verstappen provou que já sabe ser campeão também quando não tem o melhor carro. Será, de novo, o homem a ser batido em busca de um pentacampeonato consecutivo que só Schumacher conseguiu na história.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Ao contrário do publicado, a mudança no regulamento da Fórmula 1 acontecerá em 2026, e não 2025. A informação foi corrigida.

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