Recuperação judicial da Lusa é deferida. Torcida não deve esperar milagres
O pedido de recuperação judicial feito pela SAF da Portuguesa foi deferido pela Justiça paulista. A partir de agora, as dívidas da Associação Portuguesa de Desportos ficam suspensas e os credores não têm como pedir bloqueios ou coisas do tipo. O dinheiro que os investidores colocarem na SAF fica protegido, e começa um período de 180 dias para que seja apresentado um plano de pagamento das dívidas - que somam R$ 520 milhões.
Agora, entra em campo a Tauá Partners, uma das compradoras da Lusa, empresa especializada em recuperações financeiras de outras empresas. Os investidores esperam reduzir - e muito - a dívida e já começaram a conversar com os credores para costurar acordos. No fim das contas, o credor quer receber alguma coisa. Sempre foi e sempre será assim. O emaranhado de dívidas do clube passa por questões trabalhistas e fiscais essencialmente. O plano terá de ser homologado pela Justiça dentro do prazo.
A SAF anunciou nesta semana as cinco primeiras contratações: o goleiro Rafael Santos (que jogou a Série B no Operário-PR), o zagueiro Gustavo Henrique (ex-CRB), os volantes Matheus Nunes (que foi sub-23 do Santos) e Barba (ex-Caxias), além do atacante Everton (ex-Vila Nova). Um novo pacote de contratados deve ser anunciado até quinta-feira. Daqui a um mês, a Portuguesa estreará no Campeonato Paulista contra o Palmeiras.
Ao longo da semana, muitos torcedores se manifestaram com preocupação (e até revolta) após os anúncios feitos por Alex Bourgeois, um dos sócios da Tauá e que está à frente do projeto.
É claro que a primeira barca de reforços não teria jogadores do calibre de um Mbappé. É um pouco inacreditável que os torcedores achem que viria coisa muito boa e empolgante.
O Botafogo virou SAF em 2022. Estava na segunda divisão. É preciso começar o trabalho de algum lugar, e o Botafogo não começou sua vida "privatizada" contratando Luiz Henrique e Almada.
Os investidores logicamente resolveram apostar na Portuguesa para ganhar dinheiro de duas formas: exploração imobiliária e formação/venda de jogadores. Imaginem só se os donos do dinheiro já estão cobrando resultados agora. É claro que não. Tudo leva tempo no futebol. A SAF da Portuguesa não tem como montar o time para competir pelo Paulistão. Ela corre contra o tempo para montar um time que minimamente possa competir e se manter na divisão de elite do Estado.
A herança que ficou é trágica em termos de material humano - o único jogador "aproveitável" é Maceió. A Associação sequer pagou os salários de novembro, ainda que a SAF ainda não tivesse ainda assinada - os investidores devem encontrar uma maneira para pagar os salários em forma de bichos ou coisa do tipo, para não deixar na mão os funcionários às vésperas do Natal. A barca de jogadores dispensados, quase todos em fim de contrato, será grande.
E o mercado ainda não sabe o que será da Portuguesa. Não é tão simples convencer jogadores e empresários. É um processo de restauração de credibilidade que será bastante penoso. Um passo importante foi o dado nas últimas horas, com o pedido de recuperação judicial caminhando.
É preciso ter paciência. Não há milagres, ainda que alguém resolver comprar a Portuguesa até se pareça com um.
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