Ex-jogador do Grêmio virou médico e combateu pandemia. Morreu, e é exemplo
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Este é um momento difícil, inimaginável. Mas pode ser também um momento para vencer a desesperança.
Uma onda de solidariedade tomou conta do esporte nesses dias de pandemia. E, nessa hora, é sempre importante escrever e lembrar daqueles que entendem, e entenderam, o papel social que têm na sociedade. Tem um caso de um ex-atleta do Grêmio que, em uma grande crise de saúde pública, ao cuidar dos outros entregou a vida.
Você precisa conhecer a história de Carlos Oscar Mostardeiro.
Carlos era chamado de Mostardeiro I, já que o irmão dele, Alfredo, também jogava no Grêmio e era conhecido como Mostardeiro II. De acordo com o Grêmiopédia, ele defendeu o tricolor gaúcho em 32 partidas, entre os anos de 1909 e 1914, um pouco depois da fundação do time gaúcho, que é de 1903.
Mostardeiro I estava em campo no primeiro jogo internacional que o Grêmio celebrou em casa, uma derrota por 7x1 no estádio da Baixada para o então poderoso Bristol uruguaio, no dia 9 de novembro de 1913.
Um tempo em que o futebol era amador, e quase só paixão. Largou a bola para se dedicar a medicina.
Em 1918, 4 anos depois de deixar o Grêmio, morreu salvando vidas dos gaúchos atingidos pela Gripe espanhola.
É sempre importante se dar o crédito as histórias que nos encantam. Sempre defendo, e pratico, esse hábito meio abandonado por muitos nos dias de hoje. Às vezes, podemos até nos enganar com quem de fato levantou a história, já que somos bombardeados por informações, e eventualmente lemos o que um publicou já depois de outro.
Essa do Carlos eu li no perfil do Maurício Brum, jornalista e historiador. E nos ajuda a avançar e refletir sobre os dias de hoje, menos pela pandemia, e mais pela importância da solidariedade.
Nesses tempos de coronavírus, que parou o esporte, nossos personagens têm passado uma mensagem de esperança.
Clubes brasileiros oferecendo infra-estrutura esportiva para as autoridades de saúde pública.
Na Inglaterra, o Liverpool pagou todos os prestadores de serviço que trabalhariam em Anfield nos jogos previstos nesse mês de abril. Em cada jogo o clube paga para esses trabalhadores cerca de um milhão e meio de reais.
Ainda por lá, a Premier League retirou 800 milhões de libras (cerca de 5 bilhões de reais) para socorrer pequenos clubes ingleses, e uma parte do dinheiro foi entregue ao sistema público de saúde britânico.
Atletas de vários lugares do mundo, e de diferentes modalidades em uma corrente de solidariedade. Federer, Djokovic, Fernando Alonso, já doram milhões de dólares cada um para ajudar os mais afetados pela crise. Além disso, estão sempre engajados em campanhas de prevenção e do necessário isolamento.
No Brasil, Fernando Prass doou camisas históricas para arrecadar dinheiro e ajudar vítimas no Ceará. Do Recife, o zagueiro Danny Moraes lançou o #desafiocorona que foi abraçado por vários atletas brasileiros, em uma grande corrente solidária.
Além de todos aqueles que doaram cestas básicas e afeto aos mais vulneráveis.
São os personagens do esporte entendendo o papel social que têm.
E isso é importante pela questão econômica nessa hora, claro; mas é fundamental pelo exemplo que eles deixam.
O esporte sempre foi um catalisador de transformações sociais pelo mundo. Ele ajudou na luta contra o racismo, contra a discriminação aos mais pobres, até na abertura democrática brasileira durante os anos da ditadura.
No mundo, muitos são os exemplos de atletas que entenderam que sua força vai muito além de uma pista ou quadra ou campo, e que eles podem ser agentes importantes na construção de uma sociedade melhor, menos excludente e mais humana.
Isso vale para esse problema de saúde pública, onde cuidar de si é cuidar do próximo. Mas vale também para combater todo tipo de preconceito, como homofobia, racismo, misoginia, xenofobia. Nesse drama mundial, o esporte apareceu.
E que não esquecido depois da pandemia. Assim como a história de Carlos Mostardeiro precisa ser lembrada.
Obrigado, Maurício e Grêmiopédia.
E viva, vamos vencer a desesperança com bons exemplos!
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