COI também se posiciona contra o racismo. Não há outro caminho no esporte
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Andrei Kampff
O Comitê Executivo do COI também se manifestou de maneira forte contra o racismo. Ele se junta a um grande movimento de combate a discriminação que cresceu depois do assassinato do negro George Floyd por um policial nos Estados Unidos, e que uniu marcas, entidades esportivas e atletas.
Em um comunicado, o Comitê Olímpico Internacional diz que a não discriminação é um dos principais pilares do esporte, lembrando inclusive o que está escrito na Carta Olímpica:
"O gozo dos direitos e liberdades estabelecidos nesta Carta Olímpica será assegurado sem discriminação de qualquer tipo, como raça, cor, sexo, orientação sexual, idioma, religião, opinião política ou outra, origem política ou outra, origem nacional ou social, propriedade, nascimento ou outro status".
E a mensagem também lembra Pierre de Coubertin, fundador do COI e o "pai" do olimpismo. Coubertin disse que "não teremos paz até que os preconceitos que agora separam as diferentes raças sejam sobrevividos. Para alcançar esse objetivo, que melhor meio existe do que reunir os jovens de todos os países periodicamente para testes amigáveis de força e agilidade muscular? "
Um pouco antes do comunicado, em entrevista por vídeo nesta quarta (10/06), o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, disse que a entidade apoia a iniciativa da Comissão de Atletas, para que sejam exploradas diferentes formas para se expressar apoio aos princípios da Carta Olímpica, o que inclui protestos contra o racismo.
O COI segue o único caminho possível no esporte, o da proteção de Direitos Humanos. Integração, igualdade, respeito fazem parte da natureza do esporte.
Outras entidades, como a FIFA e a NFL, também se posicionaram recentemente.
Depois do assassinato de Floyd, a FIFA orientou suas entidades filiadas a não punir atletas que se manifestarem contra o racismo, como aconteceu na Alemanha. As regras do jogo proíbem manifestações políticas em campo. Mas, nesse caso, a entidade faz uma leitura mais ampla da regra, entendendo que a proteção de Direitos Humanos vai além de qualquer bandeira ideológica. Inclusive, faz parte do Estatuto da entidade.
A NFL é uma Liga independente, mas até ela se curvou pela necessidade de combater a discriminação.
"Estávamos errados ao não ouvir os jogadores mais cedo e a encorajá-los a falar e protestarem pacificamente. Nós, NFL, acreditamos no 'Black Lives Matter'. Apoiamos os jogadores que fizerem ouvir a sua voz e tomarem atitudes", disse Roger Goodell, chefe da NFL, em vídeo publicado nas redes sociais depois da morte de Floyd, e de manifestações de atletas da Liga.
Claro que todos imediatamente lembraram de Kaepernick, um atleta que por defender o combate a desigualdade racial ganhou a antipatia do presidente Donald Trump, e foi punido por isso.
Em 2016, Colin Kaepernick, quarterback dos San Francisco 49ers, se ajoelhou durante o hino nacional norte-americano como forma de protesto contra o racismo e a violência policial. O gesto foi repetido por alguns colegas de equipe, e também por adversários. E isso provocou um movimento contrário.
O presidente Trump encabeçou às críticas contra os atletas, e a Liga decretou sanções a quem não respeitasse o hino. Kaepernick deixou o 49ers ao final da temporada, e nunca mais foi contratado por nenhuma franquia.
Quase quatro anos depois, a declaração do chefe da NFL soa como um um pedido de desculpas ao atleta.
FIFA, NFL, e COI. Todos entendendo que proteger Direitos Humanos é da natureza do esporte, e precisa ser também de quem o pratica. O movimento de atletas ao redor do planeta combatendo o preconceito jamais pode ser punido, mas incentivado e aplaudido.
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