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Lei em Campo

Ginastas brasileiras sofrem assédio de pedófilos durante a pandemia

12/06/2020 04h03

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Nesta semana a Polícia Civil do Rio de Janeiro recebeu denúncia contra pessoas que abordaram atletas da Confederação Brasileira de Ginástica. Sete meninas com idade entre nove e 15 anos receberam mensagens de perfis fakes no Instagram que se passavam por treinadores de ginástica, clubes e até de algumas ginastas, que usavam como pretexto o agendamento de testes, para pedir fotos para essas crianças e adolescentes.

Ao saber do fato, a CBG acionou o Comitê de Ética da entidade e comunicou o caso ao Comitê Olímpico do Brasil, ao Ministério Público do Trabalho e criou uma campanha nas redes sociais alertando sobre a possibilidade de aliciadores tentarem cooptar os ginastas. O MPT-RJ encaminhou o material para a Polícia Civil.

Com a chegada do novo coronavírus, o dia a dia dos atletas passou por mudanças significativas. Os treinos, antes realizados nos centros de treinamento, agora são em casa, na maioria dos casos feitos através da internet. Além disso, é comum os ginastas participarem de lives neste período. Em decorrência da pandemia, aumentou o tempo de acesso às redes sociais dessas menores, tornando-as mais expostas a esse tipo de crime.

Para lidar com os tempos de confinamento, foi criada uma cartilha com recomendações e orientações para o esporte brasileiro frente à Covid-19. "A integridade está em risco durante a pandemia. O que fazer no cenário da Covid-19 na área do desporto? E como se proteger em isolamento? Então resolvemos implementar essas ações preventivas partindo da premissa que a educação é fator preponderante de prevenção. Tanto CBG como Confederação Brasileira de Ciclismo têm programas de integridade, com cartilhas e um conjunto de ações educativas. A educação é a melhor forma de combate, sempre, porque previne problemas, informa atletas e profissionais, e estimula as denúncias", explica Paulo Schmitt, advogado da CBG e um dos autores do documento sobre as recomendações para o esporte no país durante a pandemia.

Para a advogada Danielle Maiolini, esse tipo de atitude é muito importante. "A institucionalização desse combate contra manipulação e assédio no ambiente virtual é relativamente recente. A meu ver uma iniciativa extremamente valiosa, porque você parte do pressuposto que a instituição reconhece isso como um problema que afeta o esporte. O fato de as crianças começarem a carreira muito novas e, eventualmente, se distanciar do convívio familiar, exige uma responsabilidade muito maior das instituições que administram as modalidades em se colocar como sujeitos ativos nesse combate", adverte Maiolini, especializada em direito esportivo.

Confira, na íntegra, a carta da CBG para as federações:

PREZADOS PRESIDENTES

Por meio desta, a Confederação Brasileira de Ginástica - CBG vem alertar toda
comunidade esportiva acerca de casos de violação de integridade (assédios e abusos
morais e sexuais) através de contatos remotos ou não presenciais, por parte de
aliciadores ou assediadores.

Assim, nos colocamos a disposição de atletas, treinadores, entidades esportivas,
federações filiadas e outros, no sentido de orientar o combate destas e de qualquer
outra violação de integridade divulgadas no site oficial da nossa entidade.

Ressaltamos que conforme orientado, os fatos relacionados ao tema devem ser
registrados junto às autoridades competentes. Da mesma forma, estaremos acionando
as autoridades necessárias para apuração dos ilícitos mencionados.

Solicitamos que todos os interessados divulguem e acessem nosso canal de ética para
denúncias e encaminhamentos.

https://canaldeetica.cbginastica.com.br/

Além disso, não se esqueçam de atentar para nossas cartilhas sobre o tema.

Compartilhem!
https://www.cbginastica.com.br/pdf/cartilha_integridade_CBG_I.pdf
https://www.cbginastica.com.br/pdf/cartilha_integridade_CBG_II.pdf

Ciente de vossa atenção, reiteramos nossos votos de estima e elevada consideração.

Saudações Ginásticas!
Maria Luciene Cacho Resende
Presidente CBG

Por Thiago Braga

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